A parcela da produção de manufaturados voltada para a exportação caiu durante o terceiro trimestre de 2009. No mesmo período cresceram as importações no consumo aparente das indústrias. Do segundo para o terceiro trimestre de 2009, o coeficiente de exportação da indústria caiu de 22,9% para 21,3%, enquanto a participação das compras do exterior na produção dos fabricantes de manufaturados aumentou de 18,1% para 19%, segundo levantamento da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Entre os setores que mais tiveram queda no coeficiente de exportação, no mesmo período, estão produtos de madeira, com decréscimo de 3,4 pontos percentuais, e calçados e couro, com redução de 3,6 pontos percentuais.
Para Roberto Giannetti da Fonseca, diretor de comércio exterior da Fiesp, o movimento do último trimestre, com aumento das importações e redução das vendas ao exterior pelas indústrias, indica uma tendência que deve resultar em declínio da atividade industrial e maior capacidade ociosa.
De janeiro a setembro de 2009, na comparação com o mesmo período do ano passado, lembra Giannetti, as exportações totais caíram 18,5%. A queda nos manufaturados, porém, foi pior, de 24,1%. Segundo ele, 50,3% da redução da produção industrial aconteceu por queda das exportações. Para ele, a perspectiva é que o quadro se agrave no ano que vem. Giannetti acredita que, em 2010, as exportações mantenham tendência de declínio, enquanto as importações deverão crescer, puxadas principalmente pelo aumento do consumo interno.
Esse é o quadro, caso o dólar se mantenha no patamar de R$ 1,70, ao mesmo tempo em que a China não valoriza o yuan e as demais moedas ficam mais fortes frente ao dólar de forma menos acentuada do que o real.
Para o diretor da Fiesp, a redução da demanda mundial contribuiu para a queda da produção para exportação, mas o câmbio tem sido igualmente desfavorável para os exportadores. Como taxa “mais saudável” para a economia, Giannetti defende o dólar entre R$ 2,00 e R$ 2,20. Segundo levantamento da Fiesp, de agosto de 2003 a outubro de 2009 a valorização do real em relação ao dólar alcançou 42%. Isso significa 23 pontos da média mundial de valorização, de 19%.
Para Giannetti, é necessária a aplicação de medidas para reequilibrar o preço do dólar. Atualmente, diz, não é mais o exportador que tem pressionado o câmbio, já que desde o ano passado houve flexibilização das regras de cobertura cambial. Antes, explica, o exportador era obrigado a fazer a contratação integral do câmbio em prazo de até 180 dias após a operação de exportação.
Atualmente, porém, ele pode manter a receita de exportação no exterior e decide quando irá vender os dólares e qual parcela do valor de exportação será trocada. Os exportadores têm mantido as operações sem contratação de câmbio, à espera de uma recuperação do valor da moeda americana. “Estima-se que há um estoque de US$ 12 bilhões a US$ 20 bilhões nessa espera.”
Desde junho, diz o diretor de comércio exterior, os valores totais de câmbio físico, relativo às exportações efetivamente realizadas, têm superado o câmbio contratado, quando ocorre a troca das moedas.