O ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Miguel Jorge, afirmou ontem (28/10) que está disposto a negociar com os interlocutores da Argentina sobre a decisão do governo brasileiro de impor licenças não automáticas para alguns produtos importados do país vizinho.
A iniciativa, tomada na semana passada, é uma tentativa do governo brasileiro de reverter as barreiras impostas pelos argentinos aos produtos do Brasil. A decisão não é definida pelo governo brasileiro como sendo uma retaliação.
“Claro que não é uma retaliação. Eu estou sempre disposto a conversar com os argentinos. Sou um negociador nato”, disse o ministro do Desenvolvimento. “Não há mal-estar algum. O que está acontecendo é absolutamente normal.”
O ministro não diz quais produtos argentinos foram submetidos às licenças não automáticas. Mas, de acordo com especialistas, a lista deve chegar a 15 itens, incluindo autopeças, freios e baterias para veículos. De acordo com Miguel Jorge, o objetivo da decisão brasileira é garantir espaço para a mercadoria nacional.
Segundo ele, há informações de que os produtos brasileiros na Argentina estão perdendo espaço para as mercadorias oriundas da Ásia, especialmente da China. Pelos dados que obteve, Miguel Jorge afirmou que houve queda significativa, tanto de valores como de volumes, em vários setores.
O impasse com a Argentina, de acordo com o ministro brasileiro, tem gerado queixas constantes dos empresários sobre a demora nas negociações. Segundo ele, os empresários brasileiros argumentam que há “promessas de que o intercâmbio será mais fluido”, mas, na prática, isso não se concretiza.
Miguel Jorge disse, ontem pela manhã, que não havia recebido queixas oficiais do governo argentino em decorrência da decisão brasileira. Também afirmou desconhecer os resultados do encontro do embaixador do Brasil em Buenos Aires, Mauro Vieira, que conversou sobre a controvérsia com o ministro de Relações Exteriores da Argentina, Jorge Taiana.