A ETH Bionergia, controlada pelo grupo Odebrecht, e a Brenco anunciaram na quinta-feira (08/10) que assinaram um memorando de entendimentos para a “combinação de seus ativos e operações”. As duas companhias avaliam a criação de uma nova empresa com o foco em agroenergia.
Nas próximas semanas, os grupos vão definir qual a participação que cada um terá na nova companhia, afirmaram José Carlos Grubisich, presidente da ETH, e Philippe Reichstul, da Brenco. Os dois executivos não revelaram mais detalhes das operações. O Valor apurou que a ETH terá uma participação mais relevante na nova empresa.
Em dificuldade financeira, a Brenco estava, nos últimos meses, em busca de um parceiro estratégico para dar continuidade aos seus negócios. Criada em 2007, com sócios de peso, entre eles a Tarpon Investment, Ashmore International, BNDESPar, braço do participações do BNDES, a companhia nasceu com o plano ambicioso de se tornar uma das maiores produtoras de etanol do país, mas foi abatida pela crise de crédito no mercado.
Neste ano, os planos eram colocar em operação duas usinas: as unidades de Morro Vermelho, de Mineiros (GO), e a de Alto Taquari (MT). No entanto, os trabalhos foram adiados para 2010. Outras duas usinas do grupo estão em construção e devem entrar em operação no fim do ano que vem. Neste ano, a Brenco captou cerca de R$ 530 milhões, sobretudo de seus acionistas, para dar continuidade aos seus projetos.
Com o acordo de exclusividade assinado com a ETH, a Brenco congela as negociações que estavam em curso com outros possíveis investidores, como a Petrobras.
Também criada há dois anos, a ETH conseguiu dar passos maiores no setor. A empresa adquiriu duas usinas em operação, a Alcídia, em São Paulo, e a Eldorado, no Mato Grosso do Sul, que juntas processam cerca de 4,5 milhões de toneladas. Neste ano, os três projetos “greenfield” (construção a partir do zero) entram em operação. Um deles, o de Rio Claro, em Goiás, começou a moagem em agosto. Os outros dois iniciam o processamento da cana até o fim deste mês.
A ETH, que tem como sócia a japonesa Sojitz, já investiu R$ 1,5 bilhão na construção dessas três usinas, com capacidade para moer nesta primeira fase do projeto 3 milhões de toneladas de cana cada uma. Os aportes nessas mesmas unidades vão chegar a R$ 2,7 bilhões, suficientes para dobrar a capacidade de processamento da matéria-prima. Quando foi criada, a ETH anunciou que faria aportes de R$ 5 bilhões no setor. Segundo Grubisich, esses investimentos estão em curso.
Se decidirem pela unificação dos ativos, as duas companhias devem se tornar uma das maiores produtoras de etanol do país, com produção estimada para a safra 2013/14 de cerca de 3 bilhões de litros de etanol e 2.500 GWh/ano de energia elétrica a partir da biomassa. A nova empresa também terá capacidade de moagem de 37 milhões de toneladas de cana por safra. Há planos também de abertura de capital desta nova companhia a partir de 2012, se as condições de mercado forem favoráveis.