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Biocombustível

Cana sustentável

<p>Lavouras que adotam medidas de sustentabilidade devem alavancar suas exportações de etanol.</p>

Hoje, a cana se estende por 633,9 mil hectares no Paraná. Quase 90% dessas lavouras são moídas para fabricar açúcar e álcool. O restante é destinado à produção artesanal (de cachaça, por exemplo) ou é área de reforma. Na safra 2008/09, cuja moagem deve se estender até dezembro no estado, a indústria espera colher 44,9 milhões de toneladas de cana em 555 mil hectares, volume que deve render 2,5 milhões de toneladas de açúcar e 2,1 bilhões de litros de álcool. Na comparação com o ano anterior, a oferta de açúcar seria 2% menor, mas a de álcool 14% maior, conforme estimativas da Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Estado do Paraná (Alcopar).

O mercado externo, principal válvula de escape da produção excedente, porém, caminha na contramão: está muito mais açucareiro. Entre janeiro e agosto de 2009, as exportações paranaenses de açúcar aumentaram 17% em volume e 12% em receita, enquanto os embarques de álcool encolheram, respectivamente, 44% e 12%. O fraco desempenho coloca o combustível no 20º posto na pauta de exportação do Paraná. O açúcar é o 4º. Produzido em 121 países, o açúcar tem mercado consolidado. É, afinal, uma commodity com padrões internacionais de qualidade e preços formados em bolsas de derivativos (as mais importantes são Londres e Nova York), façanha ainda distante para o álcool, ou, agora, etanol.

A mudança da nomenclatura oficial do produto, anunciada no mês passado, começa a valer no início de novembro, conforme determinação da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). A agência justificou a medida argumentando que “o uso do nome etanol reforçará a posição internacional do produto brasileiro”. Na ocasião, o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Pádua Rodrigues, declarou que a substituição da palavra álcool por etanol nas bombas “vai facilitar as coisas para nossas empresas em termos de exportação, deixando claro que o produto brasileiro é exatamente aquele que vem sendo cada vez mais utilizado em várias partes do mundo”.

O zoneamento agroecológico da cana-de-açúcar é mais uma iniciativa nesse sentido, considera Disonei Zampieri, técnico especializado em cana-de-açúcar no Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria Estadual da Agricultura e do Abastecimento (Seab). “Ao vetar o cultivo da cana na Amazônia e no Pantanal, atende a duas áreas extremamente sensíveis à opinião internacional”, explica. “O zoneamento responde a críticas internacionais ao acabar de uma vez com o mito da cana-de-açúcar na Amazônia”, concorda o diretor de comunicação corporativa da Unica, Adhemar Altieri.

Para o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, o Zae vai reduzir a resistência à entrada do etanol brasileiro no mercado externo e dar maior competitividade ao produto. “Primeiro é bom para o Brasil, para o pulmão do trabalhador e para o bioma e segundo porque garante a colocação do etanol brasileiro no mercado externo”. Para Minc, a decisão evitará barreiras comerciais e bloqueios ao nosso produto, facilitando a transformação do álcool em commodity. Mas nem todo mundo concorda. Para Altieri, o zoneamento é um passo importante para a conquista de novos mercados, mas ele ressalta que a consolidação do comércio global ainda depende de um longo e complicado processo de certificação. “Hoje, há mais de 15 processos de negociação no mundo. Como é que vamos certificar um produto com tantos modelos diferentes?”