A Brasil Foods (BRF) obteve recentemente aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) para coordenar, como uma única empresa, suas atividades no mercado externo. A determinação abre um leque de auspiciosas oportunidades para a empresa brasileira, dada à competitividade que a Perdigão e Sadia já têm lá fora.
Não deixa de ser frustrante, no entanto, o fato da BRF não poder explorar o mercado dos Estados Unidos, um dos maiores do mundo. A inexistência de um acordo sanitário entre os dois países impede o acesso da gigante brasileira ao mercado norte-americano.
Para Adriano Nogueira Zerbini, gerente de Relações de Mercado da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), as pendências sanitárias entre os dois países não é problema e o acordo não deve ser visto como prioridade. “O setor avícola brasileiro e americano trabalham juntos. Há uma vasta troca de informações, há cooperação entre o Brasil e os EUA”, explica. “Mas a abertura de ambos os mercados envolvem questões que podem ser desinteressantes para os avicultores dos dois países, principalmente na questão de concorrência de produtos”.
Zerbini explica que os Estados Unidos consomem apenas peito de frango, principal produto exportado pelo Brasil. Já o Brasil consome todas as partes do frango, inclusive o “Leg Quarter”, ou seja, as coxas de frango, principal produto exportado pelos norte-americanos. “Se abrimos mercados, abriremos também uma forte concorrência entre os produtos no mercado interno dos países”, diz o gerente da Abef. “O próprio produtor tem receios da vantagem deste acordo comercial”.
De acordo com Zerbini, o Brasil poderia até ter uma alta lucratividade com a venda de peito para os EUA, porém, seria muito difícil enfrentar a concorrência das coxas de frango norte-americanas. Ele frisa que não há uma barreira comercial entre os dois países, apenas não houve uma conversa neste sentido. “Um acordo comercial entre os países não é interessante, neste momento. Há outras prioridades para o frango brasileiro, em outros mercados”, concluiu o representante da Abef.