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Biocombustível

Etanol de segunda geração próximo de se tornar viável

<p>Novozymes diz que modelo para produção sairá em 2010.</p>

Um modelo viável para a produção do etanol de segunda geração – produzido a partir de biomassa – deverá ser apresentado no Brasil já em meados do ano que vem. Essa é a expectativa da empresa dinamarquesa de enzimas industriais Novozymes, um dos principais “players” na corrida internacional por combustíveis alternativos ao petróleo.

Até lá, o laboratório brasileiro da empresa, em Curitiba, deverá superar o maior dos obstáculos nas pesquisas científicas em geral: a viabilidade tecnológica do novo produto. Diferentemente do etanol de primeira geração, feito a partir do caldo da cana (técnica largamente dominada), o de segunda geração ainda não encontrou a sua “mistura óptima” – o que, no jargão químico, significa o coquetel de enzimas perfeito que dê a esse novo etanol as características desejadas.

Encontrar essa tecnologia, diz a empresa, implica custos altos de pesquisa. “Por enquanto, estamos falando de um negócio com potencial gigante, mas que ainda não existe”, disse ao Valor Pedro Luiz Fernandes, presidente regional para América Latina da Novozymes. “O grande desafio, o determinante nesse negócio todo é o custo da nova tecnologia”.

A Novozymes investe globalmente de 13% a 14% de seu faturamento total em Pesquisa & Desenvolvimento (P&D) de enzimas para diversos setores, incluindo para fins energéticos. Isso representará, para este ano, aproximadamente R$ 500 milhões. As enzimas são obtidas através de microorganismos, como fungos, leveduras e bactérias.

A primeira experiência de produção de etanol de segunda geração da empresa no Brasil teve início há quase três anos por meio da parceria com o Centro de Tecnologia Canavieira (CTC), lembrado pela excelência em pesquisas com cana-de açúcar. Em janeiro passado, a parceria colocou de pé o projeto-piloto para a produção de mil litros por dia de etanol feito a partir do bagaço da cana, em Piracicaba, interior de São Paulo.

O CTC trabalha essencialmente com o aprimoramento da técnica de explosão a vapor do bagaço da cana. Essa é a preparação do material, uma etapa crucial no processo, que então é enviado para os laboratórios da Novozymes no Paraná e na Dinamarca.

A Novozymes utiliza em suas pesquisas a técnica conhecida como hidrólise enzimática – o uso de enzimas na conversão da biomassa em açúcar. Estima-se que cada tonelada de cana gere, em média, 250 quilos de bagaço. A empresa não informa o custo atual de produção de litro de etanol de segunda geração. “Até o final do ano deveremos ter esses números”, afirmou Nilson Boeta, superintendente do CTC.

O mercado, no entanto, presta máxima atenção nos desdobramentos das políticas externas para o uso desses novos combustíveis. Em visita ao Ethanol Summit, realizado em São Paulo, o CEO e presidente mundial da Novozimes, Steen Riisgaard, lembrou as diretivas dos EUA adotadas pelo governo Barack Obama para consumo de etanol de segunda geração: 100 milhões de galões em 2010, pulando para 16 bilhões de galões em 2022. “Eles não terão como produzir esse volume. É uma oportunidade para o Brasil exportar etanol de segunda geração”, disse Riisgaard.