Redação (21/11/2008)- Um dos assuntos mais discutidos durante a Avisulat, em Bento Gonçalves (RS), foi a crise financeira mundial. Atento ao futuro do setor avícola, em outubro, o presidente da União Brasileira de Avicultura (UBA), Ariel Antonio Mendes, encaminhou alguns pedidos aos Ministros Reinhold Stephanes, Miguel Jorge e Guido Mantega, além do diretor de agronegócios do Banco do Brasil, José Carlos Vaz, com a finalidade de liberar recursos financeiros. Os principais pontos solicitados pela entidade foram: liberação de recursos para o financiamento das exportações, através do Adiantamento sobre Contrato de Câmbio (ACC); edição de documentos e normas que viabilizem o incremento das exportações (Drawback internacional e verde-amarelo); revisão do artigo 12 da lei 11.718/2008 (fundo rural); liquidez dos créditos de PIS e Cofins; aumento dos recursos operacionais dos bancos; liberação de EGF para as empresas integradoras; criação de linha específica de custeio para a produção de pintinhos; elevação do limite para financiamento de custeio das empresas integradoras, por CNPJ, de R$ 10 milhões para R$ 20 milhões; aumento do limite por integrado de R$ 24 mil para R$ 50 mil, entre outros.
Embora a crise ainda não tenha afetado diretamente a avicultura, a UBA já recomendou aos seus associados uma redução no nível de alojamento de pintos de corte de no mínimo 15%, não ultrapassando 420 milhões mensais no período de dezembro deste ano a março de 2009, para adequar a produção à demanda projetada, evitando a sobra de produtos e a queda nos preços. Afinal, além da crise o mercado interno ainda iniciará, no primeiro trimestre de 2009, um período tradicionalmente de baixo consumo para a carne de frango, devido aos gastos com festas de final de ano, férias, compra de material escolar, taxas e impostos.
A escassez do crédito também é um ponto que preocupa o setor, que necessita de capital de giro para investir e abrir novos negócios para as exportações brasileiras. Em média, o Brasil tem exportado cerca de 330 mil toneladas de carne de frango por mês. Porém, para novembro, a estimativa é de apenas 260 mil toneladas.
“Até dois meses atrás, os bancos procuravam diversas empresas do setor para oferecer crédito. Sabemos que a economia sofreu alterações, mas para a avicultura brasileira o cenário permanece o mesmo, não havendo motivo para restrição do crédito por parte das instituições financeiras”, explica o presidente da UBA, Ariel Antonio Mendes.
O setor avícola aposta no aumento da compra de milho com objetivo de garantir um estoque regulador e ajudar os produtores do insumo neste período de incertezas na economia mundial. Afim de viabilizar isso, a UBA também já solicitou liberação de um crédito especial para compra de milho.
A previsão da UBA é que a avicultura brasileira encerre o ano com uma produção de 11 milhões de toneladas de carne de frango para o mercado interno e 3,8 milhões de toneladas para exportação, atingindo uma receita cambial de mais de 7 bilhões de dólares, o que corresponde a uma participação de 45% do mercado mundial.
Na comparação com outras carnes, a produção de frango deverá manter a liderança de consumo no mercado interno, conquistada desde 2006.