Redação (29/10/2008)- O presidente da Coopercentral Aurora, Mário Lanznáster, decidiu dar férias coletivas em novembro para os 300 funcionários da cooperativa em sua unidade de Joaçaba, meio-oeste catarinense, em virtude da crise econômica mundial. Essa unidade processa apenas carne suína e tem capacidade de produção de 900 cabeças por dia.
Conforme Lanznáster, existe um estoque maior de carnes por conta do recuo nas vendas ao exterior, além de perspectivas de que haverá redução da demanda no mercado interno, passada a sazonalidade de alto consumo pelas festas de fim de ano.
A unidade de Joaçaba costumava dar férias coletivas anualmente entre janeiro e fevereiro, período tradicional de vendas mais fracas, mas dessa vez o período de pausa foi adiantado para iniciar no dia 2 de novembro. Ele explica que serão 30 dias de férias coletivas, que poderão ser prorrogados por mais 30 dias, dependendo da situação do mercado. De acordo com Lanznáster, ainda está em análise se outras unidades, em alguns setores específicos, também entrarão em férias coletivas.
O presidente da Aurora afirmou que as vendas continuam "travadas" pelos problemas de liquidez da crise mundial. Diz que os compradores internacionais, assim como as empresas brasileiras, também sofrem com crédito mais caro e escasso e estão tendo dificuldades para adiantar o pagamento aos exportadores de carnes no Brasil.
A Aurora produz suínos para o mercado interno e também vende para países como Ucrânia, Mercosul e Rússia. As plantas em SC não estão habilitadas para vender à Rússia, o principal comprador de suínos do Brasil. No entanto, Lanznáster explica que existe um estoque de 2,5 mil toneladas de suínos que iriam para a Rússia a partir da produção na unidade da cooperativa em Sarandi (RS) e que está parado em portos e entrepostos pelas dificuldades de compra dos russos.
Essas cargas, segundo ele, já estão sendo destinadas ao mercado interno. "Deixar essa produção parada à espera de uma solução representa custos e praticamente não há mais lugar nem para esse estoque", diz.
No caso dos frangos, ele estimou que os estoques da Aurora estão 50% acima do normal. Disse que neste segmento começou a sentir retração de pedidos do Oriente Médio, região cuja economia está ancorada no petróleo e sofre com a queda dos preços do barril. A cooperativa já iniciou o processo de redução de 5% no alojamento de aves.
"O cenário não é de calmaria. Existe já uma queda de demanda no exterior e uma tendência de recuo de preços no mercado interno e no externo", disse ele, que estima que o recuo de preços nos dois mercados deverá ser de 10% a 15% nos próximos meses.