Redação (23/10/2008)- Diferentemente de outros insumos, que estão sentindo com força o impacto da crise financeira internacional, o setor de sementes deverá fechar a safra 2008/09 com aumento nas vendas e no faturamento. A Associação Brasileira de Sementes e Mudas (Abrasem) estima um incremento de 15% na taxa de utilização das sementes e entre 10% e 15% no faturamento frente à safra anterior. No ano passado, o faturamento do setor foi de R$ 5 bilhões, com 1,8 milhão de toneladas de sementes comercializadas.
A soja, por ter volume mais expressivo, puxará essa tendência, com aumento de 20% na taxa de utilização de sementes – a área plantada com semente certificada, que desconta áreas para uso próprio ou plantadas com sementes piratas. A cultura representa praticamente a metade do volume de sementes comercializadas no país. Em 2007 foram 950 mil toneladas.
Segundo a Abrasem, o trigo deverá registrar alta de 25% na taxa de utilização de sementes em relação à safra passada, quando foram vendidas 300 mil toneladas. O algodão terá um incremento de 60% frente às 10 mil toneladas de 2007, graças às novas variedades apresentadas, inclusive transgênicas. No arroz, alta de 20% sobre 2007 (85 mil toneladas vendidas). O milho não deverá sofrer alteração, devendo ser mantidas as 195 mil toneladas de sementes este ano.
José Américo, superintendente da Abrasem em Brasília, evita falar em números específicos, mas afirma que a elevação geral nas vendas de sementes é um reflexo direto dos esforços de conscientização do produtor para o uso das sementes certificadas (legais). O maior exemplo disso, diz ele, ocorre no Rio Grande do Sul, o Estado mais afetado pela chamada soja "maradona" – pirateada da Argentina.
"Os gaúchos foram os que mais sofreram com doenças e queda de produtividade com a soja pirata", diz Américo. No auge do contrabando, em 2006, o Estado viu sua taxa de utilização de sementes certificadas recuar da média histórica de 65% para 5%. Em 2008, a taxa de utilização da soja voltará a 40%.
Os produtores também compraram mais variedades transgênicas. No Paraná e em Goiás, elas representaram 50% do plantio. No Rio Grande do Sul, 100%.