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Frango atrai outras três cooperativas paranaenses

<p>As novas tacadas, de Coasul, Coagru e Cocari, deverá absorver um investimento conjunto R$ 215 milhões em frigoríficos e fábricas de ração.</p>

Redação (16/10/2008)-  As cooperativas do Paraná estão aumentando a aposta na avicultura. Cinco cooperativas do Estado já atuam no segmento e, juntas, abatem um milhão de aves por dia. Outras três estão com projetos em andamento, em diferentes etapas, e planejam colocar no mercado mais 280 mil aves diariamente.

As novas tacadas, de Coasul, Coagru e Cocari, deverá absorver um investimento conjunto R$ 215 milhões em frigoríficos e fábricas de ração. Parte dos recursos está garantido e parte depende de financiamento, difícil neste momento de retração de crédito. 

Mas, como são projetos de longo prazo, a expectativa dos presidentes das cooperativas que vão estrear na produção de frangos é de que a crise econômica não afete a liberação de recursos para as obras e que, em um ou dois anos, quando as plantas devem começar a produzir, o cenário para o consumo também esteja melhor. 

Já os grupos que já atuam no segmento e precisam optar entre manter a atual estrutura ou ampliá-la no curto prazo, estão mais cautelosos. É o caso de Coopavel, que abate 140 mil aves por dia e concluirá em fevereiro um novo frigorífico, e C.Vale, que trabalha com 290 mil unidades diárias e planejava saltar para 500 mil.

"Vamos ter de repensar 2009", diz o presidente da Coopavel, Dilvo Grolli. Segundo ele, se for necessário, o início da operação do novo frigorífico será adiado. O presidente da C. Vale, Alfredo Lang, conta que também vai "tirar o pé do acelerador" e a decisão de ampliação ficará para depois. 

Na terça-feira, presidentes de diversas cooperativas agropecuárias do Estado participaram de evento na Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar) que tratou da economia mundial. "Cada um tem uma responsabilidade enorme pela frente na tomada de decisões", disse o presidente da entidade, João Paulo Koslovski. 

Mas, na opinião da maioria dos executivos ouvidos pelo Valor, os produtores de alimentos vão sofrer menos com a crise. Por isso os investimentos em andamento tendem a ser mantidos. 

A Coagru, de Ubiratã, no oeste paranaense, fez uma joint venture com o frigorífico Big Frango e está investindo R$ 40 milhões em um abatedouro e R$ 5 milhões em uma fábrica de ração. Metade do valor total está garantido com recursos próprios, e a idéia é financiar o restante. A conclusão está prevista para fim de 2009, quando a unidade passará a abater 80 mil aves por dia – volume que poderá ser ampliado para 160 mil e, em cinco anos, para 360 mil/dia. 

Segundo o presidente da cooperativa, Áureo Zampronio, da sociedade entre Coagru e Big Frango surgiu a BFC Alimentos, que também será a marca usada nos mercados interno e externo. A Coagru deve faturar R$ 180 milhões em 2008 e tem 2 mil associados. "A crise não vai alterar nossos planos, porque a expectativa para o mercado de frango é excelente", afirma Zampronio. 

O projeto da Coasul, de São João, no sudoeste do Estado, prevê aportes de R$ 80 milhões em um frigorífico e uma fábrica de ração. A intenção é começar com o abate de 100 mil aves por dia em 2010 e chegar a 160 mil em 2012. 

"O financiamento está garantido pelo BNDES e estamos pleiteando recursos para a construção dos aviários", diz Paulino Fachin, presidente da cooperativa. "Nosso produtor precisa agregar valor ao grão". Com 3,5 mil associados, a Coasul deve faturar R$ 370 milhões este ano, e Fachin admite que teme pela liberação de recursos para o complexo avícola. 

Na Cocari, cooperativa de Mandaguari, no noroeste do Paraná, foi tomada a decisão de vender uma destilaria para passar a investir em frango, que envolve mais associados. A cooperativa planeja investir R$ 75 milhões em um abatedouro e R$ 15 milhões em uma nova fábrica de ração, mas, mesmo com o caixa da venda, quer obter financiamento. 

A construção deve começar em 2009 e, na primeira fase, em 2011, a intenção é abater 100 mil aves por dia (para 2018 a meta é chegar a 320 mil). A criação de aves já começou e será intensificada nos próximos meses. Enquanto a unidade própria não fica pronta, os animais serão entregues para a Frangobras, de Campo Mourão, que recentemente teve 70% das ações compradas pela Tyson Foods. O faturamento da Cocari deve chegar a R$ 400 milhões em 2008 e ela conta com 4,5 mil associados. 

Além destes, outros projetos estão em estudo. A Corol, de Rolândia, no norte paranaense, não conseguiu levar adiante a joint venture que havia feito com um grupo americano para abate e exportação de bovinos, mas ainda busca parceiros no segmento de carnes. 

Lang, da C.Vale, também explicou que, enquanto aguarda melhoras na economia, dará continuidade a análises de projetos. Para Grolli, da Coopavel, "em 2010 as coisas devem voltar ao normal".