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Alta de custos impacta balanço das empresas

<p>Soja e milho, além dos fertilizantes, estão impactando as margens de lucro das grandes empresas do setor agropecuário.</p>

Redação (01/08/2008)- O agronegócio brasileiro passa por uma fase de alta das commodities, que está beneficiando alguns segmentos como o de grãos. Porém, o aumento nos custos das matérias-primas, como soja e milho, além dos fertilizantes, estão impactando as margens de lucro das grandes empresas do setor, uma vez que os repasses desses custos estão sendo realizados em menor escala.

No caso do segmento de carnes, grandes empresas como Perdigão – que divulgou na quarta-feira um prejuízo de R$ 881,8 milhões no segundo trimestre – e JBS-Friboi, apresentaram prejuízo no segundo trimestre de 2008, também em função das aquisições realizadas interna e externamente nos últimos 12 meses. A gigante do segmento sucroalcooleiro, Cosan S.A., foi outra companhia a verificar resultado negativo no segundo trimestre do ano.

No setor de grãos, a SLC Agrícola obteve no segundo trimestre de 2008 um lucro líquido de R$ 1,5 milhão, revertendo o prejuízo de R$ 9,3 milhões registrado no mesmo período do ano passado.

O desempenho é atribuído por Laurence Gomes, diretor de Relações com Investidores da SLC, à gestão de custos da companhia que já adquiriu todos os insumos da próxima safra. "A alta dos fertilizantes não impedirá o crescimento da empresa, que deve chegar a safra 2009/2010 com 270 mil hectares de área plantada", disse.

Gomes também afirmou que o aumento de até 24% nos custos de produção previstos pela companhia para a safra 2008/2009 não comprometerá o avanço da empresa na estratégia de aquisição de terras. "Todas as áreas do cerrado brasileiro são negócios potenciais para a SLC".

Ontem a empresa anunciou a aquisição de 3,4 mil hectares de área adjacente à Fazenda Parnaíba, no município de Tasso Fragoso, no Maranhão. O valor da aquisição foi de R$ 14 milhões, equivalentes a 350 mil sacas de soja.

Para se rentabilizar na busca por novas aquisições a companhia concluiu uma oferta de ações, em 27 de junho, cuja operação movimentou R$ 369,2 milhões na Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

JBS Friboi

A JBS registrou prejuízo de R$ 364,4 milhões no segundo trimestre deste ano e a margem Ebitda foi de R$ 290,8 milhões (4,1%), aumento de 64,9% sobre o resultado do primeiro trimestre do ano. A receita líquida aumentou 21,7% no período em comparação ao primeiro trimestre, passando para R$ 7,1 bilhões.

A JBS atribuiu o resultado negativo às influências de aspectos contábeis e financeiros – variação cambial dos investimentos no exterior e amortização do ágio na compra da JBS USA, além de perdas em operações de hedge. O aumento da receita líquida foi resultado de melhor desempenho das vendas em mercados como Estados Unidos e Austrália. Essas duas regiões somadas à Europa concentram 78% das operações da empresa.

No caso das operações da JBS Brasil, houve forte compressão de margens, que passaram de 12,2% no primeiro trimestre do ano para 4,9% da margem Ebitda no segundo trimestre. A principal causa da redução foi o aumento de preços do gado no Brasil. "O boi brasileiro só não está mais caro do que o europeu", comentou Joesley Mendonça Batista, presidente da companhia. A receita líquida da JBS Brasil chegou ao R$ 1,3 bilhão no período, aumento de R$ 160 milhões em comparação ao primeiro trimestre do ano, resultado obtido por conta da elevação de preços dos produtos comercializados tanto no mercado interno quanto no internacional.

O executivo reforçou que o setor se prepara para "dias difíceis" no segundo semestre. A escassez da matéria-prima, a impossibilidade de novos repasses de preços (ver box ao lado) e os investimentos para a ampliação de capacidade instalada pelos maiores frigoríficos recentemente explicam o cenário desfavorável.

No caso da JBS Brasil, o executivo disse esperar "um terceiro trimestre pior do que o segundo". Ainda assim, considerou que cenário ruim seria operar com margens abaixo dos 4%.

Apesar do cenário no Brasil, para equilibrar o resultado global da companhia, os Estados Unidos passam por momento mais favorável. As exportações norte-americanas estão aumentando com o dólar desvalorizado. Além disso, o país reabriu mercados como a Coréia do Sul.

Quanto a Cosan, o diretor financeiro e de Relações com Investidores da empresa, Paulo Diniz, afirmou ontem que o resultado do ano fiscal 2008, correspondente ao ano-safra 2007/08 (maio de 2007 a abril de 2008), foi prejudicado pelos preços depreciados do açúcar e do álcool e pela inflação de custos verificada no período. A apreciação do real ante o dólar também apresentou impacto negativo no resultado operacional da companhia.

Entre maio de 2007 e abril de 2008, a Cosan SA apresentou prejuízo de R$ 47,8 milhões, ante lucro líquido de R$ 357,3 milhões no ano fiscal anterior. No quarto trimestre, o prejuízo foi de R$ 5,3 milhões, ante resultado positivo de R$ 164,7 milhões no mesmo intervalo do ano anterior. Já a Cosan Ltd. apresentou lucro líquido de US$ 16,6 milhões no último ano-safra, o que representa uma queda de 90%.

Peter Ho, analista da Planer, disse que o resultado da Cosan não fugiu do esperado. Além disso, avalia que não espera altas de preços para etanol e açúcar no segundo semestre deste ano devido ao excesso de oferta.

Ontem, as ações da SLC Agrícola fecharam a R$ 27,11 (alta de 0,93%); os papéis da JBS, a R$ 8,40 e os da Cosan terminaram o dia valendo R$ 30,79, baixas de, respectivamente, 1,75% e 1,38%, segundo informações da Planner.