Redação (16/11/2007)- A oferta apertada e a forte demanda por milho, principalmente de suinocultores, têm feito Santa Catarina buscar mais milho do Paraná e do Mato Grosso. Somente em novembro, a Conab deverá ofertar em vendas de balcão para pequenos produtores do Estado cerca de 15 mil toneladas de milho, sobretudo do Paraná.
Em novembro do ano passado, a Conab não precisou efetuar essa remoção por conta da demanda menor no mercado catarinense. Se considerado o volume de julho até o previsto para o fim de dezembro, a importação de outros Estados para atender SC chegará a 96,7 mil toneladas de milho e a 150 mil, na previsão da Conab, até março de 2008.
De acordo com Maria de Lourdes Nienkoetter, gerente de operações da Conab em Santa Catarina, em novembro do ano passado não foi necessário fazer remoção porque a demanda não era tão forte. Naquele mês, o volume ofertado, de 10 mil toneladas produzidas no próprio Estado, deu conta de atender o mercado local.
Segundo ela, a oferta apertada de milho já levou a Conab-SC a reduzir a cota máxima de compra por produtor, de 27 toneladas para 10 toneladas ao mês, situação similar à ocorrida entre 2001 e 2002. "O programa de venda a balcão tem finalidade social, é voltado ao pequeno produtor independente. Tivemos que reduzir a cota máxima nesta entressafra para atender o maior número possível de pequenos produtores", afirma.
Para os suinocultores, o milho virou um problema e está deixando a atividade no vermelho. Quando compram da Conab conseguem pagar R$ 22,00 pela saca, mas nem sempre a cota é suficiente, tendo que recorrer ao mercado em geral. "O preço pago pelo suíno melhorou nos últimos meses [R$ 2,25, mesmo patamar de 2005], mas agora temos custos de produção maiores", diz Gervásio Zanella, que além da Conab, vem adquirindo milho no mercado. Ele pagou recentemente R$ 29,50 a saca de 60 quilos, um valor considerado elevado. No último lote de suínos que vendeu conseguiu R$ 2,29 por quilo, mas teve custo de R$ 2,40. Zanella decidiu há poucos dias que irá reduzir o alojamento de animais por mês, de 15 mil para 8 mil, por conta da escassez de milho.
Santa Catarina tradicionalmente tem déficit de milho de 1,3 milhão de toneladas: produz menos milho do que consome, dada sua forte produção de suínos e aves. Na safra 2006/07, o Estado produziu 3,6 milhões de toneladas, segundo dados da Epagri/Cepa.
Wolmir de Souza, presidente da associação catarinense de criadores de suínos (ACCS), diz que a Conab vem colocando "milho à conta gotas", não dando conta da demanda. "Hoje, boa parte dos produtores está empatando receitas e custos, mas existem dívidas de dois anos difíceis para a suinocultura, que agora precisam ser pagas".