Redação (13/11/2007)- O produtor rural chega a uma agência bancária e solicita um empréstimo para cobrir as despesas com a safra que se aproxima. Comprar semente, adubar a terra, fazer o controle de pragas, doenças e plantas daninhas, colher e armazenar não fica barato. O jeito é recorrer ao banco mais próximo e pegar aquele dinheirinho, pagando juros nem sempre pequenos. Essa continua sendo uma cena comum no meio rural brasileiro.
Mas, de uns anos pra cá, existe uma diferença bastante significativa: os bancos oficiais emprestam dinheiro a juros bem menores (3% ao mês, no lugar dos 11% tradicionais) aos produtores que plantarem seguindo as recomendações do zoneamento de riscos climáticos, disponível para várias culturas agrícolas. Através dele, os produtores sabem qual a época mais recomendada para o plantio.
O resultado foi uma economia bastante considerável de recursos financeiros. Estima-se que cerca de R$ 150 milhões deixaram de ser gastos anualmente pelo governo no Proagro, instrumento da política agrícola do governo federal que garante ao produtor rural complementação financeira para cobrir seus gastos com a safra. A economia de dinheiro público e sua melhor aplicação foram alguns dos principais benefícios trazidos pelo zoneamento.
A redução nos índices de perdas também foi significativa. No caso do milho, as quebras de safra chegavam a 21% nas áreas de mais alta tecnologia e a 70% onde o uso de tecnologia era mínimo. As perdas, obviamente, não acabaram; mas hoje são bem menores. O pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Luiz Marcelo Aguiar Sans foi um dos primeiros a trabalhar com zoneamento no Brasil. Ele aponta outras conseqüências do trabalho, que começou em 1995: “aumentou a produtividade média das lavouras e os produtores que deviam ao governo começaram a pagá-lo”.
AGRITEMPO – Utilizando as informações do zoneamento de riscos climáticos e incorporando diversas outras variáveis, foi criado o Sistema de Monitoramento Agrometeorológico, o Agritempo. O sistema, disponível no site www.agritempo.gov.br, permite o acesso a informações meteorológicas e agrometeorológicas de vários municípios brasileiros. Entre outros serviços, gera gráficos, mapas e boletins para orientação.
Coordenado pelo pesquisador Eduardo Delgado Assad, da Embrapa Informática Agropecuária (Campinas-SP), o Agritempo tem o apoio da Unicamp(Universidade Estadual de Campinas), do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), da Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e das unidades Meio Ambiene (Jaguariúna-SP) e Milho e Sorgo da Embrapa.
O pesquisador Daniel Pereira Guimarães, da Embrapa Milho e Sorgo, é o responsável pelo acompanhamento do trabalho em Minas Gerais. Ele explica o que o sistema permite em termos de informação ao produtor: “se precisa irrigar, se vai precisar entrar com maquinário no campo, se precisa de controle de plantas daninhas e de usar defensivos, entre outras coisas”. Hoje o Agritempo chega a ter mais de 100.000 acessos por mês. Em agosto, por exemplo, foram mais de 122.000 acessos.