Da Redação 26/10/2007 – Preocupado com os efeitos inflacionários nos preços dos alimentos, o Congresso americano estuda limitar a produção de álcool de milho a 15 bilhões de galões por ano, ou 56,77 bilhões de litros. Atualmente, o país produz cerca de 18 bilhões de litros de álcool do grão. Em palestra realizada ontem (25/10) na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) em São Paulo, o embaixador americano no Brasil, Clifford Sobel, disse que o país deve substituir cerca de 15% do consumo de gasolina por álcool até 2022, o que demandaria 36 bilhões de galões, ou 136 bilhões de litros.
Se todo este volume fosse produzido a partir do milho, a área plantada nos Estados Unidos teria que triplicar, nos cálculos de Marcos Jank, presidente da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), outro palestrante do dia. Para evitar uma forte alta dos preços do milho, que se estenderia para segmentos altamente dependentes deste insumo, como a pecuária, o governo americano está investindo pesadamente em novas tecnologias de produção de álcool, em especial o derivado de celulose.
Há atualmente seis usinas experimentais de álcool de celulose nos EUA produzindo 80 milhões de litros/ano. De acordo com o embaixador, US$ 18 bilhões já foram investidos em pesquisas de novas fontes de energia (não apenas álcool) e mais US$ 9 bilhões serão alocados em 2008. "O álcool é algo que veio para ficar. Os Estados Unidos vão investir na pesquisa e na produção, independente dos preços do petróleo", afirmou. Ele considera que os grandes gargalos enfrentados pelo mercado americano hoje, como a falta de infra-estrutura para distribuição, serão solucionados ao longo do tempo. "Vai levar algum tempo para termos um mercado organizado", disse, referindo-se não só aos Estados Unidos, mas a outros países.