Redação (12/09/07) – As indústrias de sementes correm contra o tempo e investem em aquisições e parcerias para elevar sua participação de mercado e ganhar competitividade para concorrer na venda de sementes transgênicas de milho – já aprovadas pela Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio), mas que ainda dependem do aval do Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS).
Ontem, a multinacional Monsanto, que tem sede em Saint Louis, nos Estados Unidos, anunciou a compra, por um valor próximo aos US$ 100 milhões, da Agroeste Sementes, empresa da família Vacaro sediada em Xanxerê (SC). A empresa, que em 2006 produziu 900 mil sacas de sementes de milho, detém participação de mercado próxima a 10%. Segundo informações divulgadas pela matriz da Monsanto – que já concorria no mercado brasileiro de sementes de milho com as marcas Agroceres e Dekalb – , com a aquisição sua participação neste segmento no país deverá aumentar para cerca de 30%.
Segundo Christian Pflug, gerente de biotecnologia e licenciamento de milho da Monsanto do Brasil, a aquisição tem como principal objetivo garantir infra-estrutura à multinacional para a produção de milho transgênico, tão logo seja liberado pelo CNBS. "Provavelmente, as sementes transgênicas de milho serão testadas na unidade de Uberlândia e a produção será feita pela Agroeste", adiantou ele.
Conforme Pflug, a Monsanto já fez acordos com outras empresas de sementes para licenciar o uso de sua tecnologia e não descarta a possibilidade de novas aquisições no mercado brasileiro. "Vamos aproveitar todas as oportunidades que surgirem para consolidar nossa posição no mercado de sementes de milho, assim como foi feito nos EUA", afirmou Pflug. A Monsanto, no entanto, preferiu não divulgar quanto prevê produzir de sementes transgênicas de milho.
Para Cássio Camargo, secretário-executivo da Associação Paulista dos Produtores de Sementes e Mudas (APPS, que representa as indústrias de sementes de milho do país), este mercado passará por uma profunda transformação após a liberação do milho transgênico no Brasil. "Esse é um segmento altamente tecnificado. Os produtores de milho estão entre os que mais investem em tecnologia e, certamente, quando a semente transgênica for liberada, haverá uma briga de foice entre as indústrias", afirmou Camargo. Para ele, o movimento recente de aquisições no setor consiste em uma preparação das indústrias para essa nova concorrência.
Ainda conforme a APPS, a adoção de sementes transgênica de milho no país deverá alcançar rapidamente níveis muito superiores aos da soja transgênica, que hoje responde por cerca de 60% do mercado de sementes de soja. Antes da aquisição da Monsanto, a Dow AgroSciences já havia anunciado, em julho, a aquisição da Agromen, por valor não informado, também com o objetivo de elevar a sua participação no mercado de sementes de milho. Como já informou o Valor, a aquisição permitiu a empresa dobrar a sua participação neste segmento, para algo próximo a 20%.
A DuPont, dona da marca Pioneer, também fez investimentos já em 2006, incluindo a construção de uma nova unidade para produção de milho em Formosa (GO). O objetivo, ampliar em 50% suas vendas de sementes de milho no Brasil. Em 2006, a empresa já detinha 33% do mercado de sementes e já havia fechado acordo com a Monsanto para utilizar a tecnologia transgênica Guardian, tão logo fosse aprovada pela CTNBio. Neste ano, a holandesa Nidera, que já atuava na Argentina, adquiriu o negócio de sementes de soja e milho da Bayer CropScience, também para concorrer neste mercado.