Redação (14/08/07) – Dados compilados pelo Sindicato Rural Brasileiro (SRB), com base em números do Ministério da Agricultura, Bolsas de Chicago e Nova Iorque e Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, mostram este cenário preocupante à competitividade da agropecuária.
Em primeiro lugar, o cálculo aponta elevação de 103% nos custos agregados do produtor sobre um aumento de receita bem menor, de apenas 72%, de 2000 a 2006. Desmembrando o conjunto de itens que compõem o pacote "custos" observamos altas nos combustíveis (191,25%), defensivos (67,26%), fertilizantes (77,99%), sementes (115,98%), mão-de-obra (84,6%) e serviços (113,91%).
Já o câmbio, que desde setembro de 2002 até agora acumula valorização do real frente ao dólar de 51,7% e no ano superior a 11%, pune duas vezes o produtor rural. Encarece os produtos em moedas estrangeiras e reduz a margem de rentabilidade.
Para se ter idéia deste efeito devastador, entre 2000 e 2006, a comparação do vaivém das cotações de importantes commodities no mercado internacional, com o sobe-desce cambial, revela um processo de altos e baixos para a agropecuária, que no acumulado pressiona negativamente a renda do produtor.
Exemplo atual é a soja, que mesmo com alta de preços no mercado internacional, tem valores negociados para temporada 2007/08 bem próximos do realizado no ano passado. Isso porque, o dólar entre R$ 1,80 / 1,90 anula os ganhos, comendo o lucro da transação.
Segundo o presidente da SRB, Cesário Ramalho, de nada adianta um incremento nas cotações das commodities se no processo de internalizar o valor da operação o câmbio deteriora o resultado. "O fato é que a agropecuária da ”porteira para dentro” tem argumentos sólidos para questionar a atual política cambial, já que a relação de troca para o produtor rural é negativa", ressalta.
O presidente da SRB destaca também que ao ficar à mercê do câmbio, depender da formação de preços no mercado internacional, ser refém de variações climáticas, de uma infra-estrutura deficitária, de impostos asfixiantes, trabalhar sem um seguro rural efetivo, ter acesso limitado aos mercados futuros devido, por exemplo, a elevadas taxas operacionais, o produtor rural tem uma margem de controle restrita sobre sua renda.
"No tocante ao desequilíbrio cambial, o que defendemos é que algo precisa ser feito antes que os produtores rurais entreguem a totalidade de seu patrimônio, porque parte já está comprometida. A política monetária do País, guiada pelo Copom, tem que ser rediscutida urgentemente."