Christian Lohbauer, presidente executivo interino da Abef |
Redação AI 18/06/2007 – Os exportadores de carne de frango deixaram de arrecadar R$ 1,140 bilhão por conta da valorização do real frente ao dólar, no período de janeiro de 2006 a maio de 2007. A conclusão é de um estudo do Instituto de Estudos do Comércio e Negociações Internacionais (Ícone), elaborado a pedido da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef).
De acordo com o estudo, o real teve uma apreciação frente ao dólar superior à do peso, na Argentina, e do baht, na Tailândia, reduzindo a rentabilidade das exportações e diminuindo a competitividade brasileira diante de dois grandes concorrentes no mercado internacional de carne de frango. Na atual conjuntura, o frango brasileiro, segundo a Abef, já não é o mais barato no mercado internacional, posição que foi ocupada pelo produto argentino.
A receita do setor exportador de frango no Brasil também vem se reduzindo, de acordo com o Ícone, por conta do aumento dos preços de insumos, principalmente milho e farelo de soja, segundo o estudo do Ícone.
A esse aumento de custos apontado pelo trabalho do Ícone soma-se a desvantagem brasileira também quando aos encargos com a mão-de-obra. Segundo a Abef, no Brasil o trabalhador avícola representa um custo, entre salários e encargos trabalhistas, equivalente a US$ 24/dia em média, contra US$ 6 na Tailândia.
"A Abef considera o quadro de queda da rentabilidade e da competitividade das exportações do setor extremamente preocupante, e defende a inclusão da avicultura nas medidas de apoio às exportações anunciadas no último dia 12, para alguns setores", diz Christian Lohbauer, presidente executivo interino da entidade. "A avicultura nacional é uma atividade de mão-de-obra intensiva, e que responde por 4 milhões de empregos diretos e indiretos".
A valorização do real
Em entrevista coletiva à imprensa na manhã desta segunda-feira (18/06), Lohbauer revelou que de janeiro de 2006 a março de 2007, a valorização do real cresceu 10%. "Para chegarmos a este valor de R$ 1,140 bilhão na perda da receita destes últimos 17 meses, utilizamos o valor cambial médio de R$ 2,46 por US$ 1", revelou. "O período deste estudo compreende as receitas geradas pelas exportações brasileiras de cortes de frango congelados e de frango processado. O frango inteiro não entrou nesta análise porque consideramos o mercado europeu como balizador dos preços e dos volumes negociados".
Em maio deste ano, o Brasil exportou 273,9 mil toneladas de carne de frango, totalizando 1,282 milhão de toneladas desde o mês de janeiro. Isto significa um aumento no volume de 22,59% sobre o total exportado no mesmo período de 2006, quando o setor sofreu drásticas quedas devido ao temor da gripe aviária.
A receita também registrou aumento. Maio de 2007 registrou US$ 400,7 milhões, sobre US$ 216,7 milhões do mesmo mês do ano anterior. A receita acumulada das exportações brasileiras de frango nos cinco primeiros meses de 2006 e de 2007 deu um salto de 84,8%. "Em 2006, obtivemos uma receita de US$ 1,236 bilhão de janeiro a maio. Já em 2007, no mesmo período, registramos uma receita de US$ 1,747 bilhão", diz Christian Lobhauer. "Mais uma vez quero reforçar que os baixos volumes e a fraca receita de 2006 sofreram influência do medo da Influenza Aviária, momento em que a demanda mundial pela carne de frango despencou virtuosamente".