Ricardo Gonçalves |
Redação (20/04/07) – O executivo Ricardo Gonçalves vai deixar a presidência da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef) e assumir o cargo de diretor-superintendente da Müller, fabricante da cachaça 51.
Procurado, Gonçalves não se pronunciou. Ontem (19/04), a Abef enviou um comunicado a seus associados informando sobre desligamento de Gonçalves da entidade. Ele ficará no cargo até 15 de maio. O comunicado informa ainda que a Abef está em busca de um profissional para substituir Gonçalves. Ex-presidente da Nestlé e da Parmalat, o executivo assumiu a presidência da Abef em setembro de 2005.
A ida de Gonçalves para a Cia Müller de Bebidas é mais um capítulo de uma longa disputa judicial entre os dois herdeiros da companhia, o primogênito Benedito Augusto, de 56 anos, e Luiz Augusto Müller, de 52. O nome de Ricardo Gonçalves já havia sido aprovado pelo Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá, mas, só agora, uma decisão judicial da 2a. Vara da Comarca de Pirassununga possibilitou que o executivo assumisse o cargo.
Antes de morrer, cansado das brigas entre os irmãos, o pai e empresário Guilherme Müller Filho determinou, por meio de um acordo de acionistas, que os impasses na gestão deveriam ser submetidas ao Centro de Arbitragem da Câmara de Comércio Brasil-Canadá. Mas, paralelamente, o processo de sucessão corria na Comarca de Pirassununga.
A nomeação de Ricardo Gonçalves significa a vitória de Benedito, que havia indicado o executivo para o cargo. A disputa chegou a tal ponto que os dois irmãos processaram-se mutuamente, dias depois da morte do pai, no final de 2005, e nenhum deles podia entrar na companhia. Enquanto as pendências não eram resolvidas, a empresa ficou sendo comandada pelos diretores financeiro, comercial e industrial.
Apesar do imbróglio na gestão, a companhia continua como líder do mercado de pingas, com cerca de 28% do mercado. Mas fontes do setor calculam que a empresa tenha perdido entre 30% e 40% do volume de vendas nos últimos seis anos. A marca é forte, mas a empresa tem um custo fixo muito alto. "Cada lado nomeava os seus e o números de funcionários é desproporcional", diz uma fonte. A empresa tem cerca de 1,2 mil funcionários e produz cerca de 12 milhões de caixas ao ano. "É uma estrutura de multinacional que suga a rentabilidade”.