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Dólar e milho já prejudicam renda de exportador de frango

<p>A rentabilidade das empresas exportadoras de frango já começa a ser afetada pela valorização do real em relação ao dólar e a elevação dos custos de produção por causa do aumento dos preços do milho.</p>

Redação (12/04/07) – Nos últimos meses, as empresas conseguiram repassar na exportação a alta dos custos e a valorização cambial, "mas há limite para aumentar os preços", diz Gilberto Tomazoni, presidente-executivo da Sadia, a maior exportadora de carne de frango do país. 

No primeiro trimestre deste ano, os preços do frango na exportação tiveram alta de 5,17%, para US$ 1.303 por tonelada em relação a igual período de 2006, de acordo com a Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef). A valorização é atribuída justamente a esses fatores. "O ritmo de exportação está se recuperando, os insumos [milho e soja] têm preços mais altos e a valorização do real faz as empresas puxarem um pouco [as cotações de venda], argumenta o presidente da Abef, Ricardo Gonçalves. 

Nos últimos 12 meses, o milho se valorizou 46,9% na bolsa de Chicago enquanto o dólar recuou 4,72% ante o real no período, conforme o Valor Data. 

Para Tomazoni, a alta dos preços do milho – por causa da maior produção de etanol nos Estados – é uma mudança estrutural. O dólar, porém, "não se sabe até aonde vai", afirma, sem querer estimar um piso para a moeda americana. Em sua avaliação, como há limite para elevar preços na exportação – no Oriente Médio, por exemplo, eles já alcançaram altas históricas -, resta às empresas ganhar eficiência para continuarem competitivas no mercado externo. 

De acordo com Gonçalves, o câmbio preocupa porque pode inibir a recuperação das exportações depois de um ano difícil. 

Às preocupações dos exportadores com os custos e com câmbio, somam-se outras como a gripe aviária, as cotas da Europa para peito de frango salgado e industrializado e a prometida greve dos veterinários. Esses fatores levaram a Abef a uma estimativa cautelosa para o ano, apesar do avanço no primeiro trimestre, admite Gonçalves. 

Nos três primeiros meses do ano, os embarques totalizaram 744,7 mil toneladas, alta de 16,71% sobre o mesmo intervalo do ano passado. Em receita, o crescimento foi de 22,74% sobre o primeiro trimestre de 2006, para US$ 970,5 milhões, conforme a Abef. 

Ricardo Gonçalves disse que o resultado de março foi "uma grata surpresa". No mês passado, as vendas externas de carne de frango somaram 303,4 mil toneladas, aumento de 34,57% ante março de 2006. Os embarques renderam US$ 408,7 milhões, 53,85% mais em março do ano passado. Segundo o executivo, há uma recuperação das vendas, principalmente para Japão e Oriente Médio. Além disso, houve antecipação de compras de industrializados e peito salgado por importadores europeus por conta da entrada em vigor, em 1º de julho, das cotas para esses produtos na União Européia. 

A projeção da Abef – que o próprio Gonçalves admite cautelosa – é de que as exportações cresçam 5% no ano, alcançando 2,850 milhões de toneladas. Para a receita, a previsão é de alta de 6,8% sobre 2006, para US$ 3,420 bilhões.