Redação (12/04/07) – O Brasil é o maior exportador mundial de carne de frango, com 42 por cento de participação nas exportações totais feitas no mundo, seguido pelos Estados Unidos (36 por cento), que também têm repassado a seus clientes o maior custo do milho.
Os grãos usados para a ração (milho e soja) representam cerca de metade do custo de produção do frango.
"É internacional o que está acontecendo", disse o presidente da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef), Ricardo Gonçalves, que apresentou nesta quarta-feira os números trimestrais das exportações brasileiras.
O preço médio obtido no trimestre das exportações brasileiras foi de 1.303 dólares por tonelada, contra 1.239 dólares no mesmo período do ano passado, alta de 5,17 por cento.
"Não estou discutindo a condição (do milho) hoje. Mas a novidade do etanol nos Estados Unidos, sem sombra de dúvida, vai provocar uma desestabilização no mercado, que não sabemos qual vai ser", comentou Gonçalves.
Ele se referia ao fato de as cotações do milho, apesar do recuo em relação ao pico do início do ano, terem potencial de alta novamente, com o mercado acompanhando atentamente nos próximos meses a situação do clima para o desenvolvimento da safra de milho 2007 dos EUA, o maior produtor e exportador do cereal, que está no período de plantio.
Esse período é conhecido como "mercado climático" (weather market, em inglês), caracterizado por forte volatilidade nos preços dos grãos na bolsa de Chicago (CBOT).
Os preços do milho na CBOT, referência internacional, atingiram no final de fevereiro o maior valor em dez anos, com o primeiro contrato fechando em 4,34 dólares por bushel. Esse mercado também deu sustentação à soja.
O contrato maio do milho, agora o vencimento "spot", está sendo negociado atualmente por volta de 3,60 dólares por bushel, mas ainda assim cerca de 80 centavos de dólar acima do valor registrado em abril do ano passado.
"Isso (o aumento de preços), como é setorial, não vai mudar a situação da competitividade com outros países."
REAL FORTE
Se a alta do milho é fator que afeta tanto o Brasil como EUA, países que respondem por quase 80 por cento da exportação mundial de frango, o real mais forte frente ao dólar é algo que atinge apenas as empresas brasileiras.
"O problema do real até certo ponto puxa as empresas a negociarem melhores preços", disse Gonçalves, lembrando que o setor de frangos tem bons concorrentes internacionais.
A contínua valorização do real, no entanto, pode inibir o crescimento das vendas, segundo o executivo da Abef, pois as empresas perderiam, em um determinado momento, a capacidade de renegociar aumento de preços para compensar a perda de retorno em reais das exportações.
"Pode ser inibidor da vontade de acelerar o processo de exportação. Se não houver repasse em preços para compensar, o setor começa a ficar mais lento."