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Gripe volta a ''contaminar'' papéis de Sadia e Perdigão

<p>A nova onda de focos do vírus letal da gripe aviária - o H5N1 - na Ásia e seu ressurgimento na África já resvalam nos frigoríficos brasileiros exportadores de carne de frango.</p>

Redação (17/01/07) – A doença, que foi confirmada ontem em galinhas em Kiyotake, no sul do Japão, e que retornou à Tailândia, ao Vietnã e à Nigéria, derrubou as ações de Sadia e Perdigão na Bovespa e também na bolsa de Nova York.

Na bolsa paulista, as ações ON da Perdigão caíram 4,25% ontem – a maior queda do Ibovespa – e acumulam perda de 9,36% no mês, segundo o Valor Data. As PN da Sadia se desvalorizaram 3,06% (terceiro maio recuo no índice) ontem e no mês já apresentam desvalorização de 5,78%. Em Nova York, o ADR da Sadia fechou a US$ 31,40, queda de 7,13%. O ADR da Perdigão encerrou a US$ 25,20, recuo de 8,03%, conforme o Valor Data.

A justificativa para a queda dos papéis nos dois mercados, segundo analistas, é o temor de que os novos casos de gripe aviária voltem a reduzir a demanda global por carne de frango, principal item de exportação das duas empresas brasileiras. No fim de 2006, quando não havia novos casos do H5N1, ambas se mostraram otimistas quanto às perspectivas para os embarques de frango em 2007.

“Há o medo [dos investidores] de que as exportações sejam afetadas”, diz Luiz Antônio Vaz das Neves, da corretora Planner.

A confirmação da doença no Japão preocupa, de acordo com Rafael Weber, da Geração Futuro, porque nesse mercado os preços de exportação – que haviam caído por conta da epidemia no fim de 2005 e primeiro semestre de 2006 – ainda não se recuperaram. E a volta da doença pode levar a um novo aumento dos estoques de carne de aves no Japão. “Os preços podem não voltar aos patamares anteriores”, observa Weber.

Levantamento do analista utilizando dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostra que o preço médio de cortes de frango na exportação para o Japão ficou em US$ 1.300 por tonelada em dezembro passado. No segundo semestre de 2005, as cotações variaram entre US$ 1.700 (em junho) e US$ 1.970 (em dezembro). Enquanto isso, na Europa, os preços já indicavam retomada no fim de 2006. Segundo o levantamento, os cortes destinados à Europa tiveram preço médio de US$ 2.050 por tonelada em dezembro passado. Haviam oscilado entre US$ 1.800 e US$ 1.900 no segundo semestre de 2005 e chegaram a bater US$ 1.500 no mês de maio de 2006, auge da crise de demanda.

Apesar de o reaparecimento dos focos na Ásia e África preocupar, analistas lembram que, nesta mesma época do ano passado, já havia casos de gripe aviária em aves silvestres na Europa, o que derrubou a demanda por carne de frango no continente. Até agora, não foram registrados casos na Europa. “Se os casos se restringirem à Ásia, o consumo na Europa não deve cair”, avalia Weber, da Geração Futuro.

Um trader de carnes acrescenta que a fase “emocional” em relação à gripe aviária – como ocorreu no fim de 2005 e no primeiro semestre de 2006 – já passou na Europa. Por isso se a doença voltar ao continente o impacto sobre o consumo de frango não deve ser grande. Ele observa, porém, que os estoques do produto já são elevados no Egito, outro país afetado pelo vírus.

Para Vaz das Neves, o risco de gripe aviária é um limitador da valorização das ações dos frigoríficos brasileiros. “Já sabíamos que a qualquer momento a preocupação se acentuaria”, afirma ele.

Com a recente queda das ações, o valor de mercado dos frigoríficos recuou. A Sadia fechou valendo R$ 4,760 bilhões ontem e a Perdigão, R$ 4,480 bilhões, segundo o Valor Data. Em 28 de dezembro passado, a Perdigão chegou a superar por pouco a Sadia em valor de mercado. Naquela data, a primeira valia R$ 4,975 bilhões e a Sadia, R$ 4,962 bilhões. Analistas, que preferem o anonimato, avaliam que a percepção do investidor é de que a Perdigão estaria mais capitalizada e “redonda” que a concorrente.

Além de causar o sacrifício de milhões de aves, o H5N1 já matou 159 pessoas desde 2003, segundo a Organização Mundial de Saúde.