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UE quer acordo com Mercosul em seis meses

<p>Objetivo é reduzir o avanço dos chineses na América Latina.</p>

Redação (29/11/06) – Para impedir o avanço da China na América Latina, a União Européia (UE) quer fechar acordo com o Mercosul até junho do ano que vem. Caso não conclua as negociações no primeiro semestre de 2007, o bloco europeu pretende passar a tratar o comércio exterior apenas de forma bilateral com os países do Cone Sul, garantiram ontem fontes diplomáticas do Conselho da UE, em Bruxelas, na Bélgica.

Segundo integrantes do corpo diplomático de Relações Exteriores, a idéia é flexibilizar as negociações para que os desentendimentos relativos às exportações não tranquem a pauta como ocorreu na última rodada de Doha. A alegação é de que a UE tem como objetivos diálogo político, cooperação e intercâmbio comercial entre os dois blocos, enquanto a China visa apenas negociar com países produtores de matéria-prima para garantir o abastecimento do seu gigantesco e recentemente aberto mercado consumidor.

Enquanto o Conselho da UE (braço político do bloco europeu) defende com entusiasmo o interesse de apressar as negociações com o Mercosul, o diretor geral de Negociações com o Mercosul da Comissão Européia (órgão executivo da UE), Karl Friedrich Falkenberg, disse que não trabalha com prazo estabelecido, mas admite flexibilizar as negociações desde que o Mercosul também ceda em pontos estratégicos.

– Há vontade política dos dois lados e estamos dispostos a reduzir as tarifas de produtos agrícolas apenas para o Mercosul, embora não haja interesse em diminuir os subsídios dos produtores rurais – disse.

A comissária de Agricultura e Desenvolvimento Rural, Mariann Fischer Boel, explicou que já foram realizados cortes significativos nos subsídios agrícolas.

– Na década de 1980, 60% do orçamento da comissão de agricultura era comprometido com subsídios. Atualmente, o índice é de 33%. Fizemos reformas na política do açúcar, bananas, vegetais e vinhos, todas com redução do suporte dado aos produtores. Com a entrada de Romênia e Bulgária na UE em 2007, os agricultores vão passar a receber 2% a menos dos subsídios – ressaltou.

Necessidade de manter subsídio aos agricultores

Mariann justificou que há necessidade de manter a maioria dos suportes aos agricultores porque nos Estados Unidos os subsídios são ainda mais altos. A comissária argumentou que os produtores rurais europeus já estão se esforçando para que a produção agrícola seja mais rentável e garantiu enorme interesse em comprar mais etanol e biodiesel. A UE deve aumentar o percentual de etanol nos combustíveis, atualmente em apenas 2% para algo em torno de 5% a 7% em 2010. Para isso terá que importar mais 8 milhões de toneladas de cana-de-açúcar, a maior parte do Brasil.

A UE acena com a possibilidade de atender as demandas do Mercosul, mas, em contrapartida, espera poder colocar no Mercosul mais bens de capital, produtos automotivos e também quer a liberalização do setor de serviços, para que empresas possam investir nas áreas de telecomunicações, energia e transportes marítimos. A União Européia é líder em exportações de serviços no mundo, com uma movimentação anual de 350 bilhões de euros.

SIMONE KAFRUNI */ Bruxelas, Bélgica
* Repórter viajou a convite da Delegação da Comissão Européia no Brasil ( [email protected] )