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"Megabacteriose"

<p>Veja artigo técnico sobre esta doença, muito comum em avestruzes, feito pela médica-veterinária Mariclea Segóvia.</p>

Redação AI (05/07/06)-

Introdução
Megabacteriose é uma infecção do estômago que interfere na pré-digestão do alimento e a longo prazo as aves afetadas morrem de inanição (fome). Algumas morrem imediatamente e outras sobrevivem por meses.

A doença é extremamente comum no avestruz e a maioria das aves propensas são afetadas.

No avestruz a gastrite por megabactéria ou megabacteriose já foi a mais devastadora de todas as doenças contagiosas.

A megabactéria como o próprio nome sugere é uma bactéria excepcionalmente grande, capaz de causar uma reação inflamatória na mucosa gástrica logo abaixo da camada do ventrículo (Coilina).

Megabactéria na camada da coilina ( corante de Giemsa)

Pensava-se que a megabactéria tinha sido introduzida na Austrália com a importação de Periquitos Australianos, em 1989-1990, causando grandes perdas, mas declinando nos últimos anos. Na época a megabactéria era ainda desconhecida, entretanto com o melhor conhecimento e controle descobriu-se que a doença é resultado da imunidade natural da ave.

Originalmente foi detectada em algumas populações de canários, na Austrália e ao longo do tempo ocorreram algumas suspeitas mas não foram comprovadas.

A megabactéria foi descoberta nos Estados Unidos, aproximadamente em 1.982. Ninguém sabe onde ela se originou, mas parece ser um problema contínuo no Reino Unido, Austrália, Estados Unidos, Alemanha, Japão e outros.

Megabactéria com coloração de fungo

Sintomas
A megabactéria aparentemente torna-se evidente quando as aves estão em boas condições e inesperadamente tornam-se arrepiadas, letárgicas e debilitadas.
Em certas ocasiões as aves podem vomitar sangue, muitas parecem comer loucamente, mas a comida não é verdadeiramente ingerida.

A ração é regurgitada levando a uma visível sujeira no bico, onde algumas aves comportam-se estirando o pescoço, abrindo e fechando o bico repetidamente, como se estivessem beliscando o ar, parecendo ter um outro problema de engolir ou regurgitar.

Porém elas não ingerem, cessando seu crescimento e perdendo peso.

As fezes apresentam-se verde-escuras, marrom-escuras e pretas, outrora com coloração avermelhada, com pouquíssima coloração branca (uratos), e até mesmo tendo a aparência de piche em pequena quantidade.

Na forma aguda, as aves morem dentro de poucos dias. Na forma crônica as aves tornam-se mais magras e debilitadas por um número de semanas ou meses, e outras morrem por apresentar uma recuperação, mas tem uma recaída semanas ou meses mais tarde.

Finalmente as aves ficam em decúbito devido à fraqueza e morrem.

A Megabactéria é um problema comum que afeta o trato gastro-intestinal, causando enterite e diarréia, conforme foto acima em microscopia eletrônica.

Descrição do Organismo
A megabactéria originalmente pensava-se ser uma bactéria, grande (muito grande), incluída ao nome. É um enorme gram-positivo, ácido periódico Schiff (PAS) positivo, organismo em forma de haste.
Ainda outros reinvidicaram na época que o organismo poderia ser uma bactéria, pois a largura da célula e ausência do limite da membrana intracelular (organela), e a presença de áreas nucleóides, sendo que estas não tinham mostrado conteúdo de DNA, o qual isto não faz parte da natureza de um fungo, sendo assim classificada como bactéria.

A megabacteriose geralmente determina uma paralisia gástrica que pode levar a morte. Sabemos que essa doença é frequentemente encontrada ao longo das criações comerciais de ratitas em todo o mundo.

A característica surpreendente é a presença de várias bactérias localizadas profundamente na camada do ventrículo (Coilina). Essas bactérias parecem ser idênticas àquelas observadas na gastrite megabacteriana de periquitos australianos e canários.

No ano de 2005 a Megabactéria foi classificada, identificada e tipificada como um Fungo: Macrorhabdus ornithogaster.

Megabactéria em microscopia eletrônica na camada coilina

Diagnóstico
Podem ser feitos imprints (esfregaços por impressão), a partir do lado interno na camada do ventrículo (Coilina), que foi removida, corados com Diff-Quick, ou Giemsa. Primeiramente ela é encontrada no pró-ventrículo (glândula estomacal antes do ventrículo).
Há 3 caminhos básicos para o diagnóstico veterinário:
Dentro da camada fina do esôfago;
Através de testes de fezes;
A presença da ave para a necropsia.

Ela é encontrada por exame de raspado do conteúdo intestinal, do pró-ventrículo distendido, contendo grandes colônias daqueles organismos que formam fila ao longo da parede do estômago.

Achados de necropsia são também encontradas alterações de atrofia da serosa da gordura coronária do coração, distenção do pró-ventrículo, o qual está cheio de ração amolecida, e um ventrículo quase vazio.

Após a remoção do conteúdo alimentar do ventrículo e pró-ventrículo, um revestimento enrugado muito macio (hipertrofia da Coilina) são visualizados erosões e úlceras de vários tamanhos e profundidades.

Megabactéria em microscopia eletrônica no ventriculo com erosões

Tratamento e Prevenção
Cetoconazol na água por 14 dias;
Amphotericina B;
Desinfecção no ambiente;
Monitoria das fezes.

A Amphotericina B é muito efetiva na eliminação da bactéria, o melhor caminho para sua administração é dar diretamente no bico da ave.

A Amphotericina B administrada por um período superior a 10 dias mostrou-se muito
efetiva no tratamento.

A partir do momento em que a megabactéria é encontrada nos raspados de fezes, uma boa higienização e desinfecção do ambiente farão à erradicação da bactéria.

Como as megabactérias são frequentemente encontradas em associação com fungos, pode ocorrer que a supressão desses fungos permite as aves combatam as megabactérias com suas defesas próprias, enquanto um tratamento com antibacteriano permite que os fungos tomem a dianteira e se estabeleçam.

Também se deve tentar medicar individualmente as aves com uma preparação líquida altamente nutritiva (vitaminas do complexo B), para impedir a inanição e permitir o desenvolvimento de imunidade, e um processo cicatricial geral, enquanto se tenta estimular as contrações gástricas.

A imunidade dos filhotes para essa doença é baixa.

Se as aves tratadas forem expostas à infecção novamente (por exemplo em shows, ou se uma ave infectada é comprada por um outro criador sendo esta adicionada ao grupo), as aves estarão muito propensas a adquirir a doença novamente.

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