Redação (30/06/06)- A partir deste mês estamos prestes a iniciar, em muitos Estados, o período reprodutivo de nossas avestruzes, sendo que alguns criadores e regiões já começaram a incubação dos ovos. Muitas incógnitas existem na cabeça de nossos criadores sobre o futuro das aves da safra 2006/2007 e da própria atividade estrutiocultora.
As dúvidas vão desde o destino das aves nascidas da estação reprodutiva 2005/2006 até a tomada de decisão em dar início à de 2006/2007- mantendo as aves com ração de manutenção ou simplesmente, não incubar os ovos desta postura.
As incertezas são provenientes da dificuldade de comercialização e falta de liquidez do mercado para escoar a produção da safra passada. Portanto, gostaria de lembrar que sempre atravessamos grandes turbulências e dificuldades mercadológicas o que é natural na implantação de uma pecuária alternativa, nova e desconhecida.
Mas, a principal diferença existente entre os problemas do passado recente e os que são enfrentados hoje é a existência de um plantel significativo e o aumento dos animais em fase já de reprodução, principalmente nos Estados de São Paulo, Bahia, Goiás e Paraná. Tudo isso, aliado a pouca quantidade de plantas frigoríficas já prontas e em operação lembrando, ainda, que existem cerca de 20 (vinte) pedidos de adaptação de frigoríficos em vários Estados para o abate de avestruzes no MAPA e vários projetos de construção de plantas frigoríficas específicas, além das plantas já existentes e de pleno conhecimento de todos – este aumento do plantel nos leva a fazer reflexões que são fundamentais e de grande utilidade para a comunidade estrutiocultora:
É chegado o momento da seleção genética dos plantéis de nossos criadores. Aves que possuem índices zootécnicos baixos (pouco produtivas e com índices de fertilidade baixos) devem ser, sumariamente, descartadas dos criatórios visando a conseqüente redução de custos. Os criadores necessitam investir no melhoramento genético de seus avestruzes, através do PROGESTRUZ que já conta com mais de 1.400 aves sendo avaliadas pelo programa. Um programa inédito no mundo, com supervisão científica de um dos maiores especialistas do Brasil, o Professor Alcides Ramos, da UNESP.
O registro dos criatórios é fundamental para a sobrevivência do criador. O MAPA já possui, em vários Estados, o cadastro de todos os estabelecimentos avícolas geo-referenciados. A Instrução Normativa 02 é do ano de 2003 e já não existem mais razões para a não regularização de todos os criatórios junto ao MAPA. O registro do estabelecimento é a CERTIDÃO DE NASCIMENTO do criador e o primeiro passo para a existência comercial do critatório;
É chegado o momento da completa profissionalização dos nossos empreendimentos, seja na área sanitária e de bioseguridade, seja na área de tecnologia de produção, seja na comercialização e nos custos de produção. Hoje existem criatórios extremamente profissionais e que são verdadeiras fazendas modelo, inclusive com certificação internacional e criadores que criam avestruzes simplesmente pelo exotismo, no fundo do quintal.
Para enfrentarmos o momento de incertezas devemos trabalhar com extremo profissionalismo e, nem sempre as decisões são simples e fáceis. Existem Estados mais adiantados no processo de fechamento da cadeia produtiva e existem outros que nem chegaram a pensar nisso. Mas a realidade e a certeza são uma só: Os produtos do avestruz tem mercado certo e comprador, principalmente, o mercado externo. O mercado interno está sendo formado gradativamente e a procura por alimentos saudáveis e funcionais é cada vez maior e cabe somente à cadeia produtiva os devidos investimentos para a consolidação definitiva deste mercado interno;
O investimento no marketing dos produtos do avestruz, principalmente da carne, deve ocorrer de imediato. O fortalecimento das Associações Estaduais e das Cooperativas é fundamental para que ocorra um esforço concentrado e dirigido. A união traz força, traz representatividade, traz redução de custos e traz competitividade.