Redação (20/03/06)- A
“Estamos estudando com profundidade esses investimentos. E no estágio que chegamos temos a obrigação legal de comunicar ao mercado”, afirmou ao Valor o empresário Walter Fontana Filho, presidente do conselho de administração da Sadia, detalhando o fato relevante divulgado no final da tarde da última sexta-feira.
Segundo Fontana, em 60 dias as duas empresas deverão definir como será o capital societário e quais produtos específicos serão processados na nova unidade. Fontana adiantou que o frigorífico fará industrializados de carne, como salsicha e hambúrgueres. Em uma etapa posterior, poderá produzir pratos prontos congelados. O Valor já tinha anunciado os planos de expansão da Sadia na Rússia no mês de outubro do ano passado.
As duas empresas ainda aguardam as formalidades jurídicas e licenças para instalação da nova unidade de autoridades russas, conforme uma fonte do setor.
A Miratorg é a distribuidora da Sadia naquele país, responsável pela comercialização dos produtos do frigorífico brasileiro no varejo. “A Sadia deu um passo importante para aumentar suas vendas na Rússia, uma vez que os exportadores brasileiros não conseguem chegar diretamente ao varejo local”, disse uma fonte do setor.
Pela atual pela parceria entre as duas empresas, constituída em 1998, a Miratorg distribui apenas produtos in natura da Sadia, que é comercializado com as marcas próprias de varejistas locais.
As notícias sobre a parceria envolvendo a Sadia e Miratorg já tinham sido divulgadas em sites estrangeiros no fim do ano passado.
Maior frigorífico do país, a Sadia já tentou atuar de forma mais independente no mercado internacional por meio da BRF International Foods, trading criada em parceria com a concorrente
“São negócios completamente diferentes [referindo-se à BRF]. Desta vez queremos construir uma fábrica”, afirmou Walter Fontana.
A Sadia encerrou o ano passado com lucro líquido recorde de R$ 657,3 milhões, valor 49,65% superior ao contabilizado no exercício anterior. A receita bruta somou R$ 8,328 bilhões, 13,8% acima de 2004. A empresa divulgou, no mês passado, que projeta investir R$ 850 milhões neste ano, 24% a mais que em 2005 – apesar da gripe aviária. Do total, R$ 400 milhões serão aplicados na construção de fábricas no Mato Grosso. O resto será destinado ao aumento da produção em outras áreas.