Redação (17/03/06)- Depois de fechar o ano passado com prejuízo de R$ 18 milhões, associados da Cooperativa Tritícola Erechim Ltda (Cotrel) aprovaram em assembléia o balanço e resolveram fazer nova tentativa de recuperação. Com dívidas de R$ 260 milhões e dirigentes envolvidos em escândalos como fraude à previdência e desvio de grãos da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), os números mostram o declínio da instituição que até 2004 seria a maior cooperativa do Estado.
No ano passado, assolada pela crise, a Cotrel entregou para a Aurora os frigoríficos de aves e suínos, fábrica de rações e incubatório de aves. A assembléia dos associados ocorreu em clima tenso na tarde de quarta-feira. Uma série de irregularidades em operações realizadas durante o último ano foram denunciadas pelo Conselho Fiscal. Entre elas a venda antecipada das safras, sem que o dinheiro fosse pago para os produtores, prejuízos em operações de compra de farelo de soja e pagamento de somas altas, cerca de R$ 5,3 milhões, para advogados.
Os auditores contratados pela cooperativa mostraram uma situação financeira crítica. As dívidas somam R$ 260 milhões, e o patrimônio total da cooperativa é de R$ 173 milhões. O dado que mais impressionou os associados foi o patrimônio líquido. Se conseguissem vender hoje todo o patrimônio existente em imóveis, equipamentos, máquinas e carros e ainda receber valores devidos à cooperativa, depois de pagar as dívidas restariam R$ 133 mil para dividir entre os 11,9 mil produtores.
Com base nestes dados, o conselho recomendou que os associados elegessem nova diretoria, sem comprometimento com as direções anteriores, suspeitas de manipular os balanços dos últimos 10 anos. Mas os associados resolveram aprovar o balanço e permanecer com a mesma direção. O coordenador do conselho fiscal Paulo Cesar Comiran disse que os relatórios serão enviados ao Ministério Público para investigação Os produtores também aprovaram mudanças nos estatutos.
O presidente da cooperativa, Luiz Paraboni Filho, negou que tenham ocorrido operações irregulares e disse que desde outubro do ano passado todo o produto entregue pelos associados foi pago. Conforme Paraboni, apesar dos resultados ruins do último ano a cooperativa pode se recuperar desde que renegocie as dívidas e que o produtor confie na Cotrel para entregar seus grãos.