Redação AI 05/12/2005 – Hoje completa um mês que os problemas financeiros da Avestruz Master vieram à tona. Com quase 60 reclamações protocoladas no Procon e de posse das cópias de Cédulas do Produto Rural (CPRs) e de tabelas de preço e rendimento com valores para investidores mato-grossenses, o Órgão não tem mais dúvidas de que a Avestruz Master adotava a prática da “pirâmide financeira”, ou seja, várias pessoas aplicavam ao mesmo tempo e sustentavam o topo da pirâmide.
Por mais que houvesse resgate dos rendimentos, o capital inicial permanecia na maioria das vezes aplicado (sendo a base), alicerçando todas as outras operações. “Se todo mundo fosse sacar seus rendimentos ao mesmo tempo, a empresa viria à falência por falta de lastro”, explica o chefe do Núcleo de Atendimento e Orientações, Maurel Amorim.
De acordo com as tabelas de preços e rendimentos, as CPRs garantiam retorno de 21% a 34,5% no trimestre. Em alguns casos, o rendimento mensal ultrapassava 11%. “Que aplicação de mercado oferta um rendimento deste tamanho?”, indaga Amorim. “Quem resgatou capital investido e rendimentos até setembro não teve problema algum e ganhou dinheiro de fato. Mas este tipo de aplicação mexe com a ganância das pessoas, que optam por retirar parte dos rendimentos e reaplicá-los junto ao capital inicial”.
Diante de tantas reaplicações, o chefe de atendimento destaca que cada caso será analisado, “porque não podemos simplesmente acatar o pedido de resgate de todas as CPRs. Existem casos em que os rendimentos ultrapassam o capital investido no início do negócio e outros em que prevalece o contrário. Portanto, existem casos e casos, não podemos prejudicar os investidores”, acentua Amorim.
Um investidor que aplicou inicialmente R$ 100 mil em um trimestre contabiliza retorno de R$ 21 mil, pelo menos. Em um ano seriam R$ 84 mil em rendimento, mantendo a média de 21% a cada três meses.
Nas tabelas apresentadas pelos investidores – folhas de papel sem qualquer timbre com a logomarca da Master está a prova de que os ganhos atiçavam a ganância. Em uma negociação de três meses, ao comprar uma ave com 90 dias de idade e com serviço de hotelaria incluso, o investidor pagava R$ 1,68 mil e, no final do contrato da CPR, a ave estaria valendo R$ 2,26 mil. Já com uma CPR de seis meses, o valor investido na aquisição de casal de 18 meses (na primeira postura), com hotelaria inclusa, R$ 12 mil, passaria a R$ 18 mil.
Amorim chama atenção para o fato de que no contrato da CPR ficava bem claro que a Master, ou qualquer empresa a ela ligada, não tinha a obrigação de recomprar os animais comercializados. “Mas no acerto verbal com o investidor e em algumas das inúmeras tabelas de preços que existem está discriminado o valor de compra, por parte da Master, em todos os tipos de negociações propostas. Cabia ao contratante resgatar o rendimento e a ave ou reaplicá-lo de maneira total ou parcial. Não conheço ninguém, até agora, que quisesse a ave”, aponta.