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USDA revisa, enfim, safra 2003/04

<p>Um ano depois do fim da safra, órgão americano revisou a produção brasileira de soja no ciclo 2003/04, reduzindo a estimativa de 52,6 milhões toneladas para 50,5 milhões de toneladas.</p>

Da Redação 13/06/2005 – O relatório mensal de oferta e demanda de grãos do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos – USDA -, divulgado na sexta-feira, trouxe números relativos à produção brasileira de soja que, no mínimo, incomodaram analistas do mercado de soja. Um ano depois do fim da safra 2003/04, o USDA revisou a produção brasileira de soja naquele ciclo, reduzindo a estimativa de 52,6 milhões toneladas para 50,5 milhões de toneladas. “O USDA mexeu [nos números] de forma incompreensível para o mercado”, observou Renato Sayeg, da corretora Tetras. Antônio Sartori, da Brasoja, alfinetou: “É estratégia ou incompetência”.

Os analistas questionaram a mudança tanto tempo depois já “que todo mundo sabia que a safra brasileira não passou de 50 milhões”, como diz Sartori. Segundo a Conab, a produção brasileira de soja em 2003/04 ficou em 49,8 milhões de toneladas. Para Sartori, o intuito do USDA ao superestimar a safra brasileira de soja é desestimular a produção no Brasil, já que maior oferta significa pressão sobre as cotações internacionais.

Um analista que preferiu não se identificar acredita que a estratégia do USDA é “alterar os dados quando é oportuno, com o objetivo é manipular o mercado”.

O USDA também estimou que o Brasil deve produzir 62 milhões de toneladas de soja na próxima safra, a 2005/06, mas manteve a previsão de 53 milhões para 2004/05. A estimativa para a safra nova também gerou controversa. Diante do quadro de crise no setor produtivo, a expectativa é de queda no plantio, assim 62 milhões não seria um número “factível”, disse Fernando Muraro, da Agência Rural. Anderson Galvão, da Céleres, afirmou, porém, que o produtor não tem muita opção além da soja, por isso a área não deve cair. A manutenção de 53 milhões de toneladas para a safra atual não surpreendeu os analistas. A Conab prevê safra de 50,2 milhões de toneladas.

Tirando a controvérsia, os analistas destacaram, no relatório, o aumento da demanda americana por soja soja. As exportações foram subiram de 29,9 milhões de toneladas para 30,2 milhões em 2004/05. O esmagamento subiu de 44,9 milhões de toneladas para 45,59 milhões. Isso reduziu os estoques finais dos EUA para 8,71 milhões de toneladas.

A revisão das exportações está, em parte, relacionada à quebra de safra no Brasil, já que há menor disponibilidade. O USDA estimou que o Brasil vai exportar 19,65 milhões de toneladas. Para Sartori, no entanto, o ritmo das vendas externas é menor por causa da desvalorização do dólar ante o real.

A sinalização de maior demanda e queda nos estoques não sustentou os preços futuros devido às previsões de chuva nos EUA. Em Chicago, agosto caiu 6,75 centavos de dólar a US$ 6,695/ bushel. A soja sul-americana caiu 9 centavos a US$ 6,65.

Outro destaque foi elevação das importações chinesas de soja, estimadas em 27 milhões de toneladas em 2005/06, alta de 18% sobre o ciclo anterior por conta da quebra na produção local. Para Muraro, o dado indica um quadro favorável para o Brasil, que é fornecedor da China.

Para o milho, o USDA manteve a produção americana em 279,9 milhões em 2005/06, o que já era esperado, segundo Paulo Molinari, da Safras&Mercado. O estoque final dos EUA também foi mantido em 64,53 milhões de toneladas. O milho seguiu a soja recuou em Chicago. Setembro teve queda de 4,75 centavos a US$ 2,2025.

O trigo ficou estável em Chicago mesmo com a redução de 3% da safra de inverno pelo USDA, para 1,55 bilhão de bushels. Já o algodão para outubro subiu 25 pontos em Nova York, a 49,60 centavos de dólar. O USDA elevou as exportações dos EUA da safra nova em 500 mil fardos para 15 milhões de fardos.