Da Redação 27/04/2005 – A multinacional americana Monsanto vai reabrir neste ano um laboratório de genética molecular em Uberlândia (MG), com o objetivo de realizar pesquisas de base para desenvolvimento de novas sementes transgênicas de soja, milho e algodão. O projeto faz parte de um plano de ações que a empresa colocará em prática após a regulamentação da Lei de Biossegurança e permitirá que pesquisas hoje desenvolvidas nos centros de pequisa dos Estados Unidos e Índia também sejam feitas no Brasil.
“Hoje a pesquisa está defasada, e a meta é colocar o Brasil em linha com o trabalho realizado nos outros países”, afirma Geraldo Berger, gerente de biotecnologia e sementes da Monsanto no país. Hoje, a empresa mantém quatro estações de pesquisa – em Uberlândia, Não-me-Toque (RS), Santa Cruz das Palmeiras (SP) e Santa Helena de Goiás (GO). Nelas, a múlti faz testes de adaptação de sementes, cujas características transgênicas são desenvolvidas no exterior. Além de testes com milho e soja resistentes ao glifosato e de milho resistente a insetos, a empresa atua no país com sementes convencionais de soja, milho e sorgo.
Segundo Berger, entre as pesquisas que serão trazidas para o Brasil no curto prazo estão as com variedades de milho, soja e algodão resistentes à seca e de milho com alto teor de lisina (aminoácido usado para ganho de massa muscular de aves e suínos), ainda não aprovados para uso comercial em nenhum país. A empresa também deve iniciar pesquisas com uma variedade de soja enriquecida com ômega 3, aprovada para uso comercial neste ano nos EUA.
O gerente diz que a Monsanto irá equipar o laboratório de Uberlândia, onde chegou a montar um centro de genética molecular em 2000, mas que foi desfeito em 2002 devido à indefinição sobre a Lei de Biossegurança. “Os equipamentos e um pesquisador foram transferidos para os Estados Unidos e outros dois pesquisadores foram remanejados no Brasil”.
A multinacional também planeja realizar pesquisas com transgênicos nas estações de Rolândia (PR) e Sorriso (MT), onde testa sementes convencionais de milho e soja. Berger diz que todos os projetos estão condicionados à regulamentação da Lei de Biossegurança, aprovada em 28 de março. Pela legislação, a entrada em vigor da norma depende da indicação dos membros do Conselho Nacional de Biossegurança e de um decreto regulamentador, que deve ser publicado até julho e hoje está em fase de estudos pelo governo.
Enquanto isso, a Monsanto aguarda decisão da CTNBio sobre o pedido de liberação comercial de três variedades de algodão – uma resistente a insetos, uma ao glifosato e outra que reúne as duas características. Na semana passada, a empresa obteve do Ibama licença para iniciar testes com variedades de algodão, milho e soja resistentes ao glifosato, algodão e milho resistentes a insetos e com resistência a insetos e ao defensivo, além de uma variedade de milho com alto teor de lisina. Segundo Berger, os testes serão feitos na unidade de Santa Cruz das Palmeiras e o pedido de liberação comercial será feito ainda neste ano.
O valor a ser investido no laboratório e nas pequisas é mantido em sigilo. Nos últimos dez anos, a Monsanto investiu US$ 1 bilhão no Brasil, montante que inclui a compra de cinco empresas de sementes entre 1995 e 1997, montagem da fábrica de matérias-primas para herbicidas em Camaçari (BA), e unidades de pesquisa em Uberlândia (2001) e Sorriso (2003).