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Aurora: 36 anos

<p>José Zeferino Pedrozo, presidente da Coopercentral Aurora, diz que o desafio é continuar crescendo.</p>

Aurora: 16 cooperativas singulares representam cerca de 53.000 produtores rurais

Da Redação 15/04/2005 – Uma das maiores expressões do cooperativismo brasileiro a Cooperativa Central Oeste Catarinense (Aurora Alimentos) comemora 36 anos nesta sexta-feira, 15 de abril, ocupando vitoriosa posição entre os maiores grupos agroindustriais do país. Com sede em Chapecó, a Aurora reúne 16 cooperativas singulares que, no conjunto, representam cerca de 53.000 produtores rurais.

A Coopercentral Aurora registra crescente participação no mercado nacional. De acordo com a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Carne Suína (ABIPECS), obteve 7,18% do mercado de carne suína. No segmento de frangos, está entre os sete maiores, com 2,3% do abate nacional, segundo a Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frango (ABEF). Em termos de industrializados, a Aurora ocupa a terceira colocação, com 8,3% de participação conforme dados da AC Nielsen.

Aurora, em Chapecó 

O presidente José Zeferino Pedrozo expõe, nesta entrevista, as metas e desafios para este e o próximos anos.

Ao completar 36 anos, qual é o novo papel da Coopercentral diante dos desafios do mercado?

José Zeferino Pedrozo O mercado está cada vez mais competitivo e complexo. Por isso, a Coopercentral Aurora tornou-se uma empresa do setor de alimentos e não mais, apenas, de produtos cárneos. Essa nova visão foi formatada no novo planejamento estratégico da cooperativa que coordenamos junto com os diretores Mário Lanznaster e Luiz Hilton Temp e demais membros do Conselho de Administração. Dentro dessa linha, ampliamos o mix de produtos derivados de frango e de suíno, criamos a linha de lácteos, entramos na área de pizzas e ampliamos a oferta de sucos prontos para beber.

A missão original da Coopercentral está sendo cumprida, embora com outras condicionantes econômicas?

Pedrozo Correto. A Aurora nasceu, em 1969, da reunião de oito cooperativas de produção agrícola (hoje somos 16) que percebiam a importância estratégica da conjugação de esforços, em grau superior, para superar a condição de fornecedor de matéria-prima a que estavam destinados os produtores rurais. Ao organizar a produção em nível regional e obter uma oferta em escala, a Coopercentral Aurora criou as bases para a industrialização da produção gerada pelos associados das cooperativas singulares filiadas. A determinação e o arrojo dos dirigentes cooperativistas permitiram construir uma estrutura agroindustrial capaz de absorver, transformar e conquistar mercado para essa produção.

Industrializar a produção primária continua sendo garantia de autonomia para as famílias rurais?

Pedrozo A industrialização própria é garantia de autonomia econômica para o sistema cooperativista e da possibilidade de melhor retribuição ao trabalho de milhares de famílias rurais associadas às 16 cooperativas que constituem a Coopercentral Aurora. Direta ou indiretamente, os efeitos mais valorizados dessa autonomia são a melhoria da qualidade de vida no campo e a elevação da renda da família rural.

Quais as novas prioridades nos negócios da Aurora? A Aurora continuará lançando novos produtos neste ano?

Pedrozo Certamente. Essa é uma tendência e uma necessidade. Além das linhas de lácteos, pizzas e sucos,  que constituem os lançamentos mais recentes, continuaremos a ampliar o número de produtos à base de carnes suínas e de frango. Queremos avançar no mercado interno e, também, no comércio exterior. Agora, a marca Aurora Products está registrada na Europa, onde temos distribuidor exclusivo. Queremos passar de 24% para 30% o percentual das receitas obtidas com exportações.

Todas as grandes agroindústrias brasileiras estão expandindo. Quais são as grandes metas  da Aurora para 2005/2006?

Pedrozo Estamos ampliando a unidade de frangos de Quilombo para aumentar as exportações de cortes. Vamos criar o terceiro turno em Maravilha, ampliando o abate total do grupo em 45% para atingir 410.000 aves/dia em 2006. Vamos construir uma nova fábrica de rações em Cunha Porã. Nossa meta é ampliar em 20% o faturamento, atingindo R$ 1,8 bilhão de reais/ano. Os investimentos passarão de R$ 60 milhões de reais.

A Coopercentral tem tido um papel preponderante na difusão de tecnologias?

Pedrozo – A Aurora tem atuado também como difusora do conhecimento científico, democratizando o acesso do pequeno produtor  aos produtos gerados pela pesquisa agropecuária. Através da assistência técnica e da extensão rural, capacita permanentemente o cooperado, transferindo as inovações de ponta. Fomos a primeira empresa do país a adotar a tipificação de carcaça, incrementando a remuneração do produtor pela qualidade do animal. Promovemos parcerias com a Embrapa que resultaram no suíno híbrido MS-60 conhecido como “porco light” e a fêmea hiperprolífera. Incluímos milhares de produtores em dois avançados programas, o Qualidade Total Rural e o De Olho na Qualidade, em parceria com Sebrae, Senar e Sescoop.

Pode se dizer que, em face de sua natureza cooperativista, o papel da Aurora vai além das questões econômicas?

Pedrozo –  Sem dúvida. A proteção econômica, a atualização tecnológica e a defesa política que a Aurora proporciona ao seu universo de cooperados são faces da doutrina cooperativista. Pode parecer romantismo, mas foi graças ao cooperativismo que o campo incorporou novas tecnologias, diversificou as atividades, tecnificou a agricultura e outras explorações pecuárias, adquiriu mais máquinas e equipamentos, automóveis e utilitários,  móveis e eletrodomésticos. O cooperativismo levou  qualidade de vida para a família rural.

Em termos de tecnologia, qual a situação brasileira? O que falta para o Brasil avançar em produção e na conquista de novos mercados?
Pedrozo – A avicultura e a suinocultura industrial brasileira estão entre as mais avançadas do mundo. No campo, temos o que há de melhor em genética. Temos qualidade e produção. Temos também uma política agressiva e competente para conquista de mercados internacionais, que congrega esforços do setor produtivo, do Ministério da Agricultura, do Itamaraty e do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior.

Como evitar as crises na atividade e, conseqüentemente, o desestímulo dos produtores e quais as alternativas oferecidas pela Aurora?

Pedrozo O único caminho é o planejamento da produção para evitar-se períodos de oferta excessiva e preços deteriorados, alternados por períodos de escassez e preços abusivos. Num e noutro caso, quem ganha não é nem  o produtor, nem a indústria. É fácil falar, mas planejar a produção em um país como o Brasil é muito complicado; exige grande esforço de conscientização e planejamento. A Aurora transfere tecnologia e garante a compra da produção, mas quer a expansão controlada da produção.