Redação AI 14/07/2004 – 10h04 – “O resultado do primeiro semestre foi influenciado principalmente por problemas sanitários em grandes concorrentes como EUA, China e Tailândia. Mas um raio não cai duas vezes no mesmo lugar. Não vamos contar com o mesmo resultado nos próximos seis meses. Já estamos detectando um arrefecimento no consumo da Europa e Ásia. Estamos mantendo as metas de crescimento das exportações de frango de 5% a 7% em volume e de 10%a 15% em valor”, resumiu Cláudio Martins, diretor-executivo da Associação Brasileira dos Exportadores de Frango (Abef), ontem (13/07), durante coletiva à imprensa.
Segundo o relatório divulgado pela Abef:
As exportações brasileiras de carne de frango bateram recordes históricos no mês de junho, tanto em volume quanto em receita cambial, contribuindo para o melhor desempenho já registrado pelo setor em um primeiro semestre.
Os embarques de junho somaram 238.270 toneladas, com crescimento de 53% sobre junho/03, enquanto a receita cambial somou US$ 248 milhões, o que corresponde a um aumento de 85% sobre o mesmo mês do ano passado.
Desempenho de junho de 2004
No segmento de frango inteiro as exportações foram de 97.922 toneladas, com incremento de 79% sobre junho do ano passado, enquanto a receita cambial chegou a US$ 78,967 milhões, ou 91,5% acima da verificada no mesmo mês do ano anterior.
As exportações de frango em cortes tiveram crescimento de 39% em volume, com 140.348 toneladas, e de 81,5% em valor, correspondendo a uma receita de US$ 169 milhões.
Em relação aos preços médios obtidos, observa-se um crescimento importante em todos os segmentos: frango inteiro cresceu 7%, atingindo a US$ 806/tonelada; os cortes de frango evoluíram 30%, registrando US$ 1,204/tonelada; e no geral o crescimento atingiu a 20,5%, situando-se em US$ 1,041/tonelada.
Desempenho no semestre
No acumulado janeiro-junho as exportações brasileiras de carne de frango chegaram a 1,131 milhões de toneladas, ou 22% acima do verificado no primeiro semestre do ano passado.
A receita cambial somou US$ 1,221 bilhão, com um crescimento bem mais expressivo, de 56%.
Merece destaque o desempenho das vendas de frango industrializado, que no primeiro semestre já contribuíram com uma receita cambial de US$ 47 milhões, correspondendo a vendas de aproximadamente 21 mil toneladas.
Rentabilidade das vendas
O crescimento relativo da receita cambial bem superior ao crescimento dos volumes indica o sucesso da estratégia dos associados da ABEF em buscar o aumento da rentabilidade de suas exportações, através, por exemplo, da venda de produtos de maior valor agregado.
Para se ter uma idéia, o preço médio por tonelada das exportações brasileiras de frango já subiu 28% até o primeiro semestre deste ano, chegando a US$ 1.080.
Este desempenho é ainda melhor quando se observa o resultado do frango em cortes, onde o preço médio teve uma valorização de 37,5% entre janeiro e junho.
Também contribuir para este desempenho dos preços a menor oferta de produtos oriundos de nossos concorrentes diretos, que voltam a enfrentar problemas sanitários.
Os compradores
As principais regiões compradoras do frango brasileiro tiveram o seguinte comportamento:
Oriente Médio
Principal comprador do produto brasileiro, principalmente frango inteiro, registrando no semestre importação de 345.634 toneladas, 22% a mais que o mesmo período passado. A receita cambial derivada dos volumes importados atingiu US$ 322,8 milhões, representando 46% de crescimento.
O principal comprador é de longe a Arábia Saudita que é responsável por cerca de 45% do total comprado pela região, o que a coloca também como o maior comprador individual do frango brasileiro.
Ásia
Segunda maior região compradora dos produtos brasileiros. Neste semestre o crescimento apresentado pela região atinge a 37%, registrando embarques de 287 mil toneladas com receita cambial de US$ 346,2 milhões. A destacar o crescimento relativo da receita cambial, que atingiu a 127% sobre o mesmo período do ano passado. Esta performance tem raízes nos problemas de sanidade enfrentados por nossos concorrente asiáticos, China e Tailândia.
Merece destaque o desempenho das vendas para o Japão, nosso maior comprador nesta região. Os embarques somaram 148.189 toneladas, com crescimento de 80%, enquanto a receita cambial foi de US$ 235,3 milhões, 189% acima do período jan/jun de 2003. Graças à sanidade, qualidade e preço de nosso produto, o Brasil detém 77% do mercado do Japão, enquanto o segundo colocado, a Tailândia soma apenas 9% das importações japonesas de frango, seguida pela China com 5% e EUA com apenas 4%.
União Européia
Nesta região, o destaque fica por conta da queda de 12% dos embarques, que somaram cerca de 135 mil toneladas. A receita cambial foi de US$ 231,2 milhões, apenas 0,3% acima do primeiro semestre do ano passado. O motivo desta queda é o protecionismo do mercado europeu, que atinge o produto brasileiro com medidas como a taxação de 75% sobre o peito do frango, e a inspeção obrigatória de 20% das mercadorias com pretexto de identificar eventuais resíduos de nitrofuranos. Já existe uma proposta de se eliminar esta inspeção automática, devido à comprovação da inexistência da substância.
Rússia
Neste mercado, por conta das restrições no sistema de cotas em 2004, em prejuízo dos exportadores brasileiros, houve uma queda de 32% nos volumes embarcados, que atingiram 87.160 toneladas. A receita cambial teve um pequeno aumento, de 6%, chegando a US$ 74,5 milhões. O aumento relativo na receita deve-se às dificuldades sanitárias de nossos concorrentes, o que levou os importadores russos a optarem pelo produto brasileiro de forma a cumprirem suas cotas.