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Mercado de avestruz quer enterrar fama de "exótico"

Setor busca investir para elevar oferta e partir para a exportação.

Redação AI 04/10/2004 – Com um rebanho estimado em cerca de 180 mil animais e um faturamento que já cresce 50% ao ano, os produtores brasileiros de avestruz querem deixar para trás a imagem exótica que se criou no país quando a atividade começou a ganhar projeção. Para isso, eles estão trabalhando para melhorar a capacitação dos criadores, ampliar a tecnologia ligada à produção e ganhar eficiência, com o objetivo de aumentar a oferta doméstica e partir para as exportações.

Estimativas apontam que a atividade deve gerar receita de cerca de R$ 75 milhões este ano, valor considerado ainda baixo diante, principalmente, de seu potencial no mercado internacional. “O mercado brasileiro ainda está voltado para a produção de matrizes. Mas isto está começando a mudar”, diz Celso da Costa Carrer, presidente da Associação dos Criadores de Avestruz do Brasil (Acab).

Há grandes produtores investindo pesado nesse mercado, enquanto pequenos criadores, principalmente no Nordeste – que tem um clima quente e seco propício à atividade -, estão optando pela formação de associações e cooperativas para ganhar escala.

Recentemente foi fundada a primeira cooperativa do gênero na região, a Coovestruz, que reúne 31 sócios em Alagoas, Pernambuco, Paraíba e Rio Grande do Norte, que contam, no total, com um plantel de 600 animais e outras 700 matrizes. Conforme o presidente da Coovestruz, Antônio Augusto Andrade Wanderley, a postura das aves no Nordeste supera a registrada em outras regiões do país.

“No Nordeste as aves chegam a colocar até 40 ovos por postura. Deste total, a região consegue até 23 filhotes, enquanto no Sul a média chega a 18 filhotes”, afirma. Segundo estimativa da Coovestruz, 25% do rebanho nacional está no Nordeste, cabendo ao Sudeste, com 45% do rebanho, a maior concentração entre as regiões brasileiras. Wanderley concorda que o foco na venda de matrizes está ficando para trás, e diz que em breve as atenções estarão voltadas à produção de carne, couro e plumas.

Para esses produtos, o mercado mostra-se promissor. O quilo da pluma varia de R$ 80 a R$ 270, dependendo da qualidade, e a demanda no Brasil chega a cerca de 30 toneladas anuais. O quilo da carne, que tem menos gordura e colesterol que a bovina, suína e de frango, sai por entre R$ 65 e R$ 75, dependendo da região de vendas.

Já o couro é cotado em dólar, com o preço do metro quadrado podendo chegar a US$ 400. Mas Carrer, da Acab, alerta que esses preços estão inflados em razão do abate escasso, panorama que deve mudar nos próximos anos. Segundo ele, no caso da carne, a tendência é que o quilo no país fique equiparado aos valores praticados no exterior – entre US$ 10 e US$ 15.

Ele diz que os abatedouros de suínos e bovinos podem ser adaptados para também abater avestruzes, o que garantiria um bom número de unidades para atender à demanda. O problema, por enquanto, está na escala. Além de pequeno, o abate é voltado à demanda de delicatessens, boutiques de carnes, bares e restaurantes.

No futuro, o foco será o mercado internacional. Na Europa, dizem os criadores, o déficit da carne de avestruz chega a 60%, o que leva o quilo da carne a entre US$ 21 e US$ 22. E foi de olho nesse mercado que a goiana Avestruz Master deu início a seus planos de expansão. Segundo Gérson Maciel, presidente da empresa – que, incluindo outras atividades como hotelaria, assistência técnica e venda de insumos, deve faturar R$ 30 milhões este ano -, serão investidos no ramo R$ 40 milhões até 2005. A companhia atua em quase todas as regiões, com 26 franquias e filiais.

Maciel diz que está construindo abatedouros em Goiás, Ceará, Pernambuco e Tocantins. No Ceará, o investimento chega a R$ 18 milhões, num empreendimento com foco exportador que abaterá inicialmente 200 animais por dia, mas que terá capacidade para mil animais/dia. Em Pernambuco outros R$ 12 milhões poderão ser aplicados nas duas fazendas da empresa e na construção de um abatedouro. Segundo Maciel, a Master já tem contratos para exportar de 10 a 12 contêineres por mês em 2005. “Se tivesse mil, venderia todos”, diz. Em cada contêiner, cabem cerca de 8 toneladas.