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Agroindústrias

JBS tem prejuízo de R$ 1,5 bilhões

Todas as unidades de negócios fecharam o primeiro trimestre deste ano com resultado negativo, mas companhia já vislumbra melhora

JBS tem prejuízo de R$ 1,5 bilhões

A JBS registrou um prejuízo líquido de R$ 1,5 bilhão no primeiro trimestre deste ano, pressionada pelos custos elevados e por gargalos tanto na América do Norte quanto no Brasil. No mesmo período de 2022, a companhia havia obtido lucro de R$ 5,14 bilhões.

Todas as unidades de negócios do grupo encerraram o primeiro trimestre com resultado líquido negativo. Em entrevista ao Valor, o CEO global da empresa, Gilberto Tomazoni, disse que o desempenho nos três primeiros meses deste ano foi um ponto fora da curva e que confia em uma recuperação. Segundo ele, essa melhora já toma forma com o recuo das cotações de grãos usados na alimentação animal, principalmente o milho.

“O primeiro trimestre não representa o potencial do nosso negócio e nem o que esperamos para este ano. É um resultado excepcional”, diz Tomazoni. O executivo ressaltou que a empresa tem tomado as medidas necessárias para reduzir impactos externos sobre os próximos balanços.

“Nós já vislumbramos uma recuperação atual das margens”, acrescentou. No primeiro trimestre, o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) ajustado caiu 78,6% em comparação com o mesmo período de 2022, para R$ 2,16 bilhões.

De acordo com a JBS, os preços dos grãos ainda elevados no mundo afetaram as margens, assim como a sobreoferta de proteínas, principalmente frango e suínos. A margem Ebitda ajustada caiu 8,6 pontos percentuais e encerrou o trimestre em 2,5%.

A receita líquida, por sua vez, recuou 4,6%, para R$ 86,68 bilhões. No primeiro trimestre, 77% das vendas globais da JBS ocorreram nos mercados domésticos em que a companhia atua; as exportações responderam por 23%. As operações de carne bovina e suína da JBS nos Estados Unidos tiveram participação significativa no prejuízo que o grupo divulgou na noite desta quinta-feira (11/5), afetadas pelo ciclo do gado, que apertou a oferta, e por estoques elevados de carne suína, que reduziram os preços.

O Ebitda ajustado da JBS USA Beef ficou em R$ 115,8 milhões, ou 97,2% a menos do que no mesmo período do ano passado, e a receita caiu 5,6%, para R$ 27,36 bilhões. No trimestre, as margens de carne bovina na América do Norte sofreram impacto relevante das mudanças nas condições de mercado, com a virada do ciclo do gado, que reduziu a disponibilidade de animais para abate, afirmou a companhia em relatório.

O CFO da JBS, Guilherme Cavalcanti, disse que a virada no ciclo do gado nos EUA já era esperada e que a redução dos preços do milho tende a contribuir para diminuição dos custos no país, já que grande parte da terminação é feita em confinamento.

Na JBS USA Pork, o Ebitda ajustado atingiu R$ 231,7 milhões no primeiro trimestre, ou 81,2% a menos do que no mesmo intervalo de 2022. A receita líquida da unidade, por sua vez, caiu 5,6%, para R$ 9,39 bilhões. Segundo a empresa, os preços da carne suína no atacado norte-americano caíram cerca de 20% no primeiro trimestre em relação ao mesmo intervalo de 2022.

Já os custos dos grãos e da mão de obra permaneceram em patamar elevado, o que também pressionou os resultados. “Um ponto que vai afetar (positivamente) tanto os EUA quanto o mundo inteiro é o preço dos grãos”, enfatizou Cavalcanti.

O Ebitda ajustado da Seara, a unidade de aves e suínos do grupo JBS no Brasil, caiu 76,1% no primeiro trimestre, para R$ 147 milhões. “Na Seara, a gente enfrentou um desafio na queda de preço das exportações, alto custo dos grãos e baixa produtividade na agropecuária”, disse Tomazoni.

A receita líquida da Seara, em contrapartida, aumentou 8,9%, para R$ 10,3 bilhões, como resultado do crescimento de 7% dos volumes e da elevação dos preços médios de comercialização, de 2%. Essa foi a única unidade de negócios da JBS que teve receita no primeiro trimestre deste ano maior que a do mesmo período de 2022.

As vendas no mercado doméstico, que responderam por metade da receita da unidade no intervalo entre janeiro e março, cresceram 13,5%, para R$ 5,2 bilhões. Já nas exportações, a receita líquida em dólares foi de US$ 991 milhões, o que representou um aumento de 5,3% em relação ao ano anterior. A elevação ocorreu graças ao crescimento dos volumes, de 11%, já que os preços em dólares caíram 5% na comparação anual.

Para os próximos meses, a perspectiva de uma safra cheia no país e a redução das despesas com o milho deve favorecer os negócios da companhia.

A JBS não detalha sua estratégia de hedge para a compra do cereal, mas Cavalcanti acredita que será possível notar melhora nas despesas ao longo do segundo trimestre e que resultados mais consolidados aparecerão na segunda metade do ano.

Após a suspensão temporária de embarques de carne bovina brasileira para a China, que pressionou a receita da JBS Brasil no primeiro trimestre, o CEO global do grupo acredita que o cenário é promissor para os próximos meses, tanto em virtude da retomada de vendas ao mercado chinês quanto da flexibilização logística.