Redação AI 06/01/2003 – A criação de avestruzes – estrutiocultura – teve um desempenho considerado excelente no ano passado. O setor teve um crescimento em número de cabeças de aproximadamente 30%. Também houve uma elevação, da ordem de 20%, em relação ao número de criadores no País.
Hoje, o Brasil conta com cerca de 1,5 mil criadores distribuídos em todo o território nacional, com destaque para o Estado de São Paulo, que detém 40% de todo o rebanho, afirma o presidente da Associação dos Criadores de Avestruzes do Brasil (Acab), Celso Carrer.
“O rebanho de avestruzes conta hoje com 75 mil cabeças, mas ainda estamos no meio da safra, que termina em março.”
Segundo Carrer, as condições climáticas de 2002 propiciaram uma safra estimada em 15 mil cabeças, elevando o rebanho para 90 mil.
“O Brasil tem potencial para atingir as principais colocações do mundo. Hoje estamos entre os dez primeiros. Em três anos queremos estar entre os três primeiros rebanhos mundiais.”
O rebanho mundial é estimado em 2 milhões de cabeças. O brasileiro compete diretamente com países como China, Namíbia, Austrália e Botsuana. Os maiores criadores mundiais são a África do Sul e Estados Unidos.
“Nós ainda estamos em fase de reprodução do rebanho. Em 2002, começaram os primeiros abates comerciais para sentir o mercado, mas ainda temos que aprimorar mais com trabalhos de divulgação. Temos uma grande aceitação pelo mercado. Esse é um nicho muito forte e seguro.”
Carrer diz ainda que o Brasil tem que aumentar a produtividade do rebanho para elevar os abates e promover uma maior comercialização da carne e do couro, principalmente.
Hoje, a atividade mais lucrativa, segundo o executivo, ainda é a venda de matrizes para reprodução. Os filhotes de três meses são vendidos por R$ 1,2 mil. Já as matrizes de 4 ou 5 anos, certificadas e na segunda ou terceira postura, são comercializadas de R$ 8 mil a R$ 9 mil.
Segundo Carrer, o Brasil deve iniciar os primeiros embarques de carne e couro de avestruz, em escala comercial, dentro de três anos.
“Temos todas as condições para brigar no mercado externo, principalmente porque temos a vantagem de produzir com um custo menor do que os outros países.”
O executivo diz que é preciso aumentar o rebanho e aguardar a publicação das normativas do Minstério da Agricultura, para que as exportações possam ser iniciadas, pois “lá fora o mercado é muito exigente”.
Criação
Para iniciar a criação de avestruzes, o presidente da associação afirma que são necessários pelo menos R$ 50 mil.
A maior parte dessa verba é para a aquisição de matrizes para reprodução.
Carrer indica que o novo criador comece com filhotes, pois dessa forma irá aprender a fazer o manejo desde o início.
“Outro ponto fundamental é fazer o credenciamento no Ministério da Agricultura e atender a legislação vigente”, finaliza.
Novos negócios
A expansão da criação de avestruzes, que movimenta pelo menos US$ 2 milhões por ano, está gerando novos negócios ligados a essa cadeia.
Um bom exemplo disso é que os pequenos criadores de avestruz já podem terceirizar a incubação dos ovos.
Empresas de São Paulo, como, por exemplo, a PróAvestruz e a Aravestruz, prestam o serviço de incubação dos ovos de avestruz.
A procura por esse tipo de serviço vem crescendo cerca de 30% nos últimos dois anos.
Segundo as empresas, a grande vantagem do processo de incubação artificial está na garantia do nascimento de até 80% das aves. Na incubação natural, feita pela fêmea, há perdas de até 90% dos ovos.
Outro ponto positivo, no caso dos pequenos produtores, está no fato de não haver a necessidade de implantação de um incubatório próprio, que teria um custo de até R$ 500 mil.
Na PróAvestruz o serviço tem um custo de R$ 2/dia por ovo incubado. O tempo de incubação é de 42 dias. A fêmea costuma botar cerca de 60 ovos por ano. A Aravestruz, que trabalha somente com ovos de animais comprados da empresa, cobra R$ 50,00 fixos.
Venda de matrizes é a maior fonte de renda dos produtores de avestruz no Brasil.