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Rentabilidade da soja despenca

Quem investiu em soja no primeiro semestre à espera das gordas rentabilidades alcançadas pelo grão nos últimos anos, certamente se decepcionou.

Da Redação 28/07/2003 – Quem investiu em soja no primeiro semestre à espera das gordas rentabilidades alcançadas pelo grão nos últimos anos, certamente se decepcionou.

Levantamento da Tetras Corretora mostra que a rentabilidade do produto foi negativa em 23% no período; nas contas da consultoria Safras & Mercado, a perda chega a 25%.

Segundo a Safras, foi o pior desempenho da soja como ativo num primeiro semestre desde 1998, quando o tombo foi de 31,7%. De janeiro a junho de 2002, houve ganho de 4,87%.

Os levantamentos das duas empresas comparam preços médios pagos pela saca de soja em diversas praças do país em janeiro e em junho. Os valores são deflacionados pelo Índice de Preços ao Consumidor da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (IPC/Fipe).

Com isso, a soja foi uma das piores opções de investimento no semestre, quando a rentabilidade do ouro, do dólar comercial e do dólar paralelo caíram 20,9%, 18,7% e 18%, respectivamente, e o Ibovespa, o CDB-Pré e a poupança registraram ganhos de 15%, 9,3% e 5,8%.

“Começamos o ano com alto patamar de preço para a soja, cerca de R$ 40,00 por saca. A queda foi concomitante à desvalorização do câmbio no semestre”, diz Renato Sayeg, diretor da Tetras. Ele aponta a valorização do real em relação ao dólar como principal motivo para o mergulho, já que as cotações futuras do grão subiram 11,2% na bolsa de Chicago no semestre.

A tendência internacional, porém, mudou, em razão do bom desenvolvimento da safra americana e das perspectivas de aumento da produção também no Brasil e na Argentina. No acumulado de julho, o preço da soja cedeu 14,6% em Chicago, o que deve pressionar a rentabilidade da soja, apesar da alta de 1,62% do dólar no mês.

“O produtor deveria, mas raramente faz essas contas”, afirma Flávio França Jr, da Safras & Mercado. Apostando num câmbio mais favorável, os produtores brasileiros ainda têm cerca de 30% da safra 2002/03 para comercializar no segundo semestre.

“Dormimos ricos e acordamos pobres”, diz Adilton Sachet, sócio da Sachet Agropecuária, que plantou 20 mil hectares no Mato Grosso. “Essa não é a margem que nós esperávamos no início do ano”. Ele admite, porém, que a atividade segue lucrativa.

A Safras & Mercado comparou a receita obtida com a venda da soja de fevereiro (início da comercialização) a junho e dividiu pelos custos das lavouras na época do plantio.

A lucratividade da cultura, nesse cálculo, atingiu 56% em Cascavel (PR), 44% em Rondonópolis (MT) e 55% em Passo Fundo (RS). O principal motivo do desempenho foi o preço. A cotação média da saca de soja no país ficou em R$ 36,40 no primeiro semestre de 2003, 62% mais que no mesmo período de 2002.

Mas tudo indica que o céu da lucratividade também deve escurecer, já que, segundo analistas, os preços dos insumos, mesmo os importados, não estão cedendo, apesar da queda do dólar. E as perspectivas apontam para novas perdas para Chicago.