Da Redação 04/08/2003 – A queda na demanda no mercado interno no primeiro semestre fez a Sadia frear os investimentos no período. De um total de R$ 120 milhões em investimentos previstos para 2003, a empresa utilizou R$ 29,6 milhões nos primeiros seis meses do ano. Em 2002, a Sadia destinou R$ 45,8 milhões a novos projetos e modernização de fábricas no primeiro semestre, de um total de R$ 119 milhões no ano.
“Estamos adaptando o ritmo de investimentos à demanda”, disse Luiz Murat, diretor de finanças da empresa. Ele afirmou que, apesar do ritmo lento dos investimentos até junho, a meta de R$ 120 milhões para o ano está mantida. Além da readequação das plantas industriais – que deve consumir metade do valor previsto -, os recursos restantes devem ser destinados à área de logística. A mudança da fábrica de pratos prontos e sobremesas de São Paulo para Ponta Grossa (PR) também demandará mais investimentos, segundo Murat.
A transferência faz parte do processo de racionalização das plantas da Sadia. A fábrica funcionará no antigo abatedouro de suínos de Ponta Grossa, remodelado para produzir pratos prontos. Também na mesma área funciona a fábrica de pizzas e bases para prontos. Dessa forma, a operação será mais eficiente, disse Murat, uma vez que a matéria-prima dos pratos prontos irá direto para a fábrica em Ponta Grossa e não terá de ser transportada até São Paulo.
Outro efeito do mercado interno fraco nos primeiros seis meses do ano foi que a Sadia fez apenas 18 lançamentos no período. Murat não revelou qual o número previsto, mas reconheceu que o resultado ficou abaixo do esperado. Em 2002, a empresa fez 56 lançamentos. Conforme Murat, num cenário de demanda deprimida “novos lançamentos não são prioridade”.
O diretor da Sadia reconheceu que o primeiro semestre teve muito mais adversidades do que a empresa esperava. Inflação, custos elevados e dificuldade de repasse para os preços fizeram a margem bruta da empresa cair para 26,1% no primeiro semestre contra 29,8% em igual período de 2002. “O ano está sendo pior operacionalmente”, admitiu Murat.
A empresa também vendeu menos no mercado interno. No segundo trimestre, os volumes caíram 10,8%, para 158,2 mil toneladas. Para o exterior, os volumes cresceram 3,2% no período, para 149,2 mil toneladas.
Assim, o lucro líquido de R$ 182,8 milhões no semestre – 164,1% superior ao dos primeiros seis meses de 2002 – deve-se mais a ganhos financeiros e à redução das despesas da empresa. Segundo Murat, a dívida líquida saiu de R$ 911 milhões no primeiro semestre de 2002 para R$ 650 milhões em igual período este ano. Além disso, agora a dívida é toda em real graças à mudança de indexador através de operações de swap.
Para o segundo semestre, a expectativa é de melhora nas margens, segundo Murat, por conta dos menores preços dos grãos.