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Fazenda Pé Forte de olho nos criadores do Ceará

Para expandir seu projeto de criação de avestruz para o Nordeste, o grupo oferece pacote de serviço diferenciado aos criadores.

Redação AI 16/10/2003 – 06h18 – A Fazenda Pé Forte, de Uberaba (MG), especializada na criação de avestruz, chega ao Ceará não apenas com a proposta de ofertar aos criadores locais um pacote diferenciado de serviços e que envolve um trio de aves – duas fêmeas e um macho.

A investida contempla a definição de uma área para a instalação de uma segunda fazenda do grupo.”O Nordeste oferece boas possibilidades para o desenvolvimento da estruticultura em função do clima semi-árido e dos baixos índices pluviométricos”, afirma diretor Joel Wolf, ao assinalar que essas características contribuem para que os ovos não quebrem com facilidade ou absorvam bactérias da água do solo.

O estado entrou na rota de negócios da empresa por apresentar menor distância para Europa, infra-estrutura de porto e aeroporto, o que facilita as operações de exportação, adianta o técnico da empresa, Dorival Calandrino Júnior, que chegou ontem ao Ceará, com a responsabilidade também de avaliar a área para a instalação da fazenda cearense.

A unidade de Minas gerais tem US$ 4 milhões aplicados, mas para a nova investida o orçamento ainda está sendo definido. “Precisamos aumentar a produção de couro, por isso, estamos investindo numa segunda unidade”, reforça o técnico.

O projeto de exportação de couro da Pé Forte foi iniciado em junho passado, com o embarque de 300 peças da fazenda mineira para Israel, negócio estimado em cerca de US$ 250 mil. O contrato global envolve 12 mil couros no estágio Wet-Blue, do tipo top de linha, para vestuário, com fornecimento previsto para até o final de 2004.

A partir de 2005, a estimativa é exportar 36 mil peças/ano. Segundo o técnico, o couro de avestruz tem grande aceitação no mercado internacional, por ser um produto diferenciado, exótico, com demanda garantida nas indústrias de bolsas, sapatos, carteiras e roupas, entre outras. “O aproveitamento da pele, a segunda mais resistente do gênero (a primeira é a do elefante) chega a 1,3 m por animal”.

A empresa também vai construir um abatedouro para aves, com tecnologia israelense, investimento estimado em de US$ 100 mil, que depende apenas de autorização do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) para iniciar a construção. A planta do primeiro abatedouro para avestruzes no País e que vai funcionar na área da fazenda de Minas Gerais, será inspecionada por técnicos de fora.

“A tecnologia é israelense, mas a construção será totalmente nacional, voltada para as necessidades do mercado brasileiro”, garante o diretor Joel Wolf. O empresário espera até o final deste ano colocar a unidade em operação, e já fornecer carne para o mercado internacional.

Sistema israelense

Aos investidores nordestinos, interessados em expandir e aprimorar a estrutiocultura, o grupo oferece sistema israelense de produção, tecnologia, que ganha espaço pela praticidade envolvendo criação, incubação, alimentação.

O manejo simples e prático, permite redução dos custos de 30%, se comparado ao sistema convencional, segundo Calandrino Júnior.

A experiência de produção contempla uma espécie de manejo rotacionado para as aves, cujo resultado permite adiantar a idade média de abate, para 9 meses e meio. Na Europa, para o mesmo resultado são necessários 12 meses, conforme o técnico. “Assim, o couro de avestruz chega mais barato no mercado europeu”, observa Calandrino.

O ciclo de produção de ovos – com duração de nove meses -, iniciou em junho passado, com a média de 60 ovos por dia e 270 nascimentos/semana. “A marca atual alcança 85 ovos/dia”, afirma o técnico.

Para atender clientes e parceiros do Nordeste, a empresa pretende, além de oferecer trio de aves, auxiliar na melhoria da nutrição das avestruzes, com o treinamento de técnicas de preparo de ração a custos reduzidos.

A Pé Forte abriga 650 matrizes e, até o final do ano, projeta superar os 12 mil filhotes, aumentando em 50% a produção recorde de 8 mil de 2002. O crescimento estimado para 2004 fica em torno de 30%, quando espera reunir mil reprodutores. O projeto de avestruz, que completa 3 anos, começou com a importação de 620 matrizes da Espanha, em 2000. Hoje, além da área para os animais, a fazenda de 74 alqueires, tem incubadora para 3,5 mil ovos.