Da Redação 19/11/2003 – 05h40 – Preocupado com os rumos da defesa agropecuária no Estado, o governador Marconi Perillo decidiu, ontem, criar um órgão independente para cuidar desse serviço, desvinculando-o da Agência Goiana de Desenvolvimento Rural e Fundiário (Agenciarural), onde funcionava como uma diretoria. A mensagem do Executivo será encaminhada, possivelmente amanhã, à Assembléia Legislativa, onde o líder do governo, Afrêni Gonçalves, já foi informado de que a matéria é prioridade do governo, que a quer votada o mais rápido possível.
A criação da Agência Goiana de Defesa Agropecuária é uma antiga reivindicação do setor rural, que considera fundamental para a parceria com a iniciativa privada um órgão financeiramente autônomo, enxuto e desburocratizado. O governador, entretanto, sempre relutou em aceitar a idéia, para não fugir à lógica da organização administrativa do Estado, onde os assuntos correlatos são concentrados em uma única agência. A Agenciarural, por exemplo, engloba, além da defesa agropecuária, a pesquisa agropecuária, a assistência técnica e a extensão rural.
Relatório
Marconi Perillo, que em recentes contatos com lideranças rurais já havia manifestado disposição para conceder autonomia à defesa agropecuária, desde que lhe apresentassem uma proposta viável, precipitou sua decisão ao tomar conhecimento da má-avaliação do serviço de defesa agropecuária do Estado. Durante reunião com dirigentes de entidades de produtores e dois altos dirigentes do Ministério da Agricultura João Cavalheiro, diretor de Defesa Agropecuária e o diretor substituto, Jamil de Souza Gomes , o governador foi informado de que Goiás ocupa um dos piores lugares em relatório da última auditoria do ministério nos serviços estaduais de defesa agropecuária.
Confrontado com a possibilidade de Goiás ser prejudicado na exportação de carne, o governador não teve dúvida em determinar a rápida criação da Agência de Defesa Agropecuária, autorizando até mesmo a contratação de um quadro de funcionários provisórios, para funcionamento imediato do novo órgão, que em princípio deve ter apenas três diretorias. Nos bastidores do próprio governo, a informação é de que toda a cúpula da Agenciarural deve cair com a decisão de ontem, com grande possibilidade de que as exonerações cheguem à Secretaria da Agricultura.
Nenhum dos participantes do encontro quiseram comentar o assunto, argumentando que qualquer divulgação deve partir de iniciativa do próprio governador. Um dirigente de entidade de produtores, que não esteve na reunião, disse, entretanto, não ter se surpreendido com a decisão de Marconi Perillo. Segundo ele, o governador sempre demonstrou compromisso com o setor e nunca se negou a discutir a questão da defesa agropecuária, mas até pelo contrário, a estimulou.
“Como todo governante que prima pela racionalidade, ele precisava ser convencido da necessidade de independência da defesa agropecuária, o que só agora fomos capazes de fazer”, diz o dirigente. Aliás, atualmente só Goiás e Maranhão não contam com serviço autônomo de defesa agropecuária.