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Alimentos funcionais movimentam US$ 140 bilhões

Evento sobre tecnologias debate em Londrina como ampliar este rentável mercado aos produtores do Paraná.

Da Redação 28/11/2003 – 04h35 – De olho nas oportunidades de um mercado que movimenta no mundo entre US$ 130 bilhões e US$ 140 bilhões por ano, pesquisadores, empreendedores e estudantes se reuniram ontem, na 10 Jornada Tecnológica de Londrina, para discutir as potencialidades dos alimentos funcionais.

“Esse mercado cresce 8% ao ano”, divulgou o canadense Yves Desjardins, diretor do Institute of Nutraceuticals and Functional Foods de Québec, no Canadá. Ele foi convidado pela Associação de Desenvolvimento Tecnológico de Londrina (Adetec), que realiza o evento.

A principal característica dos alimentos funcionais é que eles, comprovadamente, reduzem o risco de doenças como diabetes, câncer e problemas cardiovasculares, entre outras. É o caso dos carotenóides, das isoflavonas, das fibras e dos lactobacilos. Quando os compostos que trazem benefícios são isolados e concentrados em cápsulas, por exemplo, os produtos passam a ser chamados de nutracêuticos.

O pesquisador identifica fatores sociológicos que incentivariam o crescimento desse mercado. O primeiro deles é o envelhecimento natural da população. Além disso, os países têm cada vez menos dinheiro disponível para investir em saúde. Diante desse panorama, será necessária uma mudança de paradigma no que diz respeito ao tratamento de doenças. “Ao invés de ser curativo, passará a ser preventivo. E a melhor forma de evitar doenças é através da alimentação”, disse ele.

O Brasil, que ocupa posição privilegiada entre os maiores produtores de alimentos no mundo, tem potencial para crescer no setor de alimentos funcionais. Para ganhar este mercado, porém, é preciso criar uma estrutura de pesquisa independente que possa comprovar as propriedades dos produtos.

Em Londrina, a Plataforma Agroalimentar do Programa Londrina Tecnopólis (Platali), vinculada à Adetec, caminha para consolidar uma entidade com este objetivo. Plínio Uchoa Junior, coordenador da Platali, informou que a instituição tem um projeto para implantar uma unidade de referência em alimentos funcionais na cidade.

Atualmente, a Platali está levantando as potencialidades da pesquisa e das empresas que atuam no setor em todo o Estado. Essas informações serão reunidas em um núcleo de inteligência competitiva que facilitará o contato entre as tecnologias e equipamentos existentes e seus potenciais usuários. Essa etapa será fianlizada em um ano. O próximo passo, segundo Uchoa, será a construção de laboratórios complementares à estrutura já existente.

A comprovação das propriedades funcionais ou nutracêuticas dos alimentos, através de instituições idôneas, é fundamental para ganhar a credibilidade do consumidor. No Brasil, o rótulo dos produtos só pode conter informações sobre as propriedades preventivas de doenças após aprovação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Se o fabricante alega que o alimento previne doenças, terá que comprovar com estudos clínicos”, disse José Domingos Fontana, diretor do Instituto de Tecnologia do Paraná (Tecpar) e professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR).

A isoflavona, presente na soja, é um dos produtos amplamente divulgados como benéficos à saúde da mulher, mas que exige estudos aprofundados antes da liberação da rotulagem. “É benéfico para a avó, tem restrição para a mãe e aumenta o risco de desenvolvimento de câncer nas netas”, sintetizou, esclarecendo que o risco é inerente ao consumo concentrado.