Da Redação 21/06/2002 – O Ministério da Agricultura já estuda a possibilidade de estender a rastreabilidade às produções de aves e suínos. Na última terça-feira, em Brasília, o ministro da Agricultura, Marcus Vinícius Pratini de Moraes, habilitou as primeiras quatro empresas a fazer a certificação da identificação e do rastreamento bovino e bubalino em todo o Brasil. Com esse primeiro processo já em andamento, o próximo passo é incluir outros setores nesse tipo de controle da qualidade de produção.
Uma das credenciadas pelo ministério, a gaúcha Planejar empresa da RBS revela que já vem trabalhando em programas que incluem produtores de suínos e aves. Luciano Antunes, diretor da Planejar que desenvolveu o Sistema Integrado de Rastreabilidade Bovina (Sirb) em parceria com a Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) , revela que no próximo mês já estará apresentando projetos nesse sentido a importantes frigoríficos que trabalham no processo de produção integrada com os criadores. A diferença para o sistema de identificação de bovinos é que suínos e aves não seriam identificados individualmente, e sim, em lotes.
Antunes explica que a certificadora entraria nesse processo como um órgão externo a garantir as informações sobre o manejo nutricional e sanitário. Dados que acompanhariam o produto da propriedade à indústria, chegando até o consumidor expressos na embalagem.
As informações certificadas e apresentadas de maneira clara acabariam com as dúvidas do consumidor sobre a qualidade daquele produto afirma Antunes.
O diretor do Departamento de Inspeção Animal e Vegetal (Dipoa) do ministério, Rui Vargas, afirma, porém, que esses setores já contam com um bom controle em razão dos sistemas integrados de produção, mas poderia haver, sim, uma identificação por lotes. Por outro lado, o acompanhamento já existente facilitaria até mesmo na transmissão das informações para a central do Ministério da Agricultura. Conforme Vargas, poderia ser usado o mesmo banco de dados já em atividade para atender o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina (Sisbov). Essas são possibilidades que estão em análise.
O diretor da Associação Brasileira da Indústria de Carne (Abiec), Ênio Marques, não tem dúvidas de que esse é o caminho: alimento seguro da produção à mesa do consumidor. No entanto, não vê necessidade da participação do governo no processo ligado a aves e suínos. Para Marques, basta que as propriedades mantenham registros das atividades.
O gerenciamento precisa ser sistematizado. Da água ao defensivo utilizado na produção, é necessário que haja o registro para um futuro controle do produto ressalta.
Por enquanto, o Brasil conta com o sistema de rastreamento apenas de bovinos e bubalinos. Nesse processo, cada animal ganha um número para ser identificado e acompanhado durante toda a sua vida, sob a certificação de quatro empresas habilitadas. Além da Planejar que já conta com um universo de 115,7 mil animais identificados e rastreados , as empresas Gênesis (PR), Certificações Brasil (SP) e Serviço Brasileiro de Certificação (SP) estão aptas ao processo. Hoje, essa é uma questão de mercado internacional. A União Européia, por exemplo, já negociou com o Brasil que passará a receber carne oriunda do processo de rastreamento.