Os dados da balança comercial em agosto mostram sinais de recuperação das exportações para Estados Unidos e países da América Latina e Caribe. O secretário de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Welber Barral, disse ontem que as vendas para os EUA tiveram crescimento de 27,7% em agosto, comparado a julho. Para a América Latina e Caribe, o aumento das exportações brasileiras foi de 11,6% . Ao confrontar o desempenho de agosto contra o mesmo mês de 2008, porém, as quedas ainda são relevantes: de 39% para o mercado americano e 36,7% para América Latina e Caribe.
Conforme os dados oficiais, os produtos mais vendidos para os EUA, em agosto, foram petróleo, máquinas e equipamentos, químicos orgânicos, siderúrgicos, celulose e aeronaves. “A economia americana dá sinais de recuperação”, concluiu Barral.
Ele mostrou preocupação com o efeito negativo do câmbio sobre as exportações de manufaturados, que tiveram uma retração de 31% de janeiro a agosto deste ano frente ao mesmo período de 2008. O câmbio valorizado aumenta os custos de produção no Brasil. O secretário disse que o impacto não tem sido homogêneo em todos os setores, mas ressaltou que isso prejudica as vendas externas em um momento de excesso de oferta.
A preocupação com o câmbio é compartilhada pelo vice-presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro. Se prejudica as exportações, o real apreciado incentiva as importações. Agosto foi o quinto mês seguido de aumento nas médias diárias das importações que vêm se beneficiando da queda do dólar frente ao real. Em abril a média foi de US$ 430,9 milhões e, em agosto foi de US$ 512,7 milhões.
Os números gerais da balança comercial revelam exportações de US$ 13,84 bilhões e importações de US$ 10,76 bilhões, em agosto, o que levou o saldo a US$ 3,07 bilhões. Considerando as médias diárias do mês passado, as exportações tiveram queda de 29,9% sobre o mesmo mês em 2008. Nas importações, a queda foi de 38,3%.
No acumulado até agosto, o saldo comercial foi de US$ 19,96 bilhões, resultado de exportações de US$ 97,93 bilhões e importações de US$ 77,96 bilhões. As médias diárias desses oito meses, comparadas às do mesmo período em 2008, revelam quedas de 24,7% nas vendas e 31,1% nas compras.
Castro não acredita que as exportações chegarão aos US$ 160 bilhões neste ano, meta definida pelo governo. Nas suas contas, elas serão de US$ 146,2 bilhões e as importações, de US$ 124,8 bilhões, o que resultará num superávit de US$ 21,4 bilhões. “Para cumprir a meta de US$ 160 bilhões, a média diária tem de sair de US$ 590 milhões para US$ 739 milhões, o que me parece difícil para os 84 dias úteis que faltam”, afirmou.
Castro disse que ainda não vê sinais consistentes de retomada da economia dos EUA, ao contrário de Barral. Para ele, o que ocorreu em agosto, na comparação com julho, foi o efeito do aumento dos preços do petróleo e da celulose no período. O que chamou a atenção do vice-presidente da AEB foi o expressivo volume dos embarques de soja. Nos 12 meses de 2008, foram 24,5 milhões de toneladas, mas, nos oito meses de 2009, o Brasil já exportou 25,6 milhões de toneladas. “Esse aumento surpreendeu porque há notícia da quebra de 3 milhões de toneladas na safra da soja”, explicou.
As vendas externas, no período janeiro-agosto, indicaram quedas em todas as categorias de produtos se comparadas com as do mesmo período em 2008. A maior redução foi para manufaturados (31,3%), seguidos de semimanufaturados (30,3%) e básicos (13,1%). No período janeiro-julho, a Secex contabilizou quedas de 13% nos preços e 12,6% nas quantidades exportadas. A maior diminuição dos volumes embarcados foi nos manufaturados (27,4%).
As médias diárias das importações no período janeiro-agosto tiveram quedas sobre esses oito meses em 2008. As reduções mais intensas foram em combustíveis (54,1%), matérias-primas e intermediários (32,4%), bens de capital (20%) e bens de consumo (9,7%).