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Agroindústrias

BRF quer o mundo

A Brasil Foods quer entrar nos EUA, planeja novas aquisições e quer se tornar uma marca global de alimentos.

BRF quer o mundo

A BRF – Brasil Foods quer ir longe. A empresa, formada pela fusão entre a Sadia e a antiga Perdigão, planeja ser uma das líderes do processo de consolidação do setor alimentício em âmbito mundial e conquistar uma posição que ainda não há nesse segmento: a de ter construído uma marca global de alimentos. Para isso, já toca no assunto de aquisições no exterior.

“Muitas coisas há poucos anos era impensável. Agora (com a fusão), muitas se tornaram possíveis. Uma marca mundial no setor de alimentos ainda não existe”, afirmou Luiz Fernando Furlan, co-presidente do conselho de administração da companhia.

“É interessante que o Brasil lidere (por meio da BRF) essa consolidação do setor mundialmente”, completou José Antônio do Prado Fay, presidente executivo da Brasil Foods. Ambos executivos participaram hoje do evento na Bovespa, que marcou o início dos negócios das ações da empresa sob um único código, o PRGA3.

Como parte de seu plano de fortalecimento em âmbito global, a BRF, que hoje exporta para 110 países, deseja conquistar o mercado norte-americano. Uma das maneiras consideradas pela BRF para o acesso aos EUA, segundo Furlan, é a realização de aquisições.

“O país mais importante onde ainda não estamos é os EUA. Podemos conquistar este mercado ou por meio de acordos, ou através de aquisições”, afirmou, se negando a dizer, no entanto, se já se faz a análise de ativos no país. “Não posso antecipar nada, mas é uma possibilidade”, enfatizou.

Hoje o Brasil não pode exportar produtos derivados de aves e suínos para os Estados Unidos, devido à falta de um acordo sanitário entre os dois países. Mas Furlan prevê um acordo nesse sentido em breve. “Há um trabalho do governo para que isso saia”, disse.

Para seguir em frente com seus planos, no entanto, a companhia unificada ainda está sujeita à análise e a possíveis restrições a serem impostas pelo Conselho Administrativo de Defesa Econômica, o Cade. “Temos a expectativa de que o Cade aprove a operação (da fusão entre Sadia e Perdigão) no primeiro semestre do ano que vem”, afirmou Fay. Para ele, depois do aval da instituição, bastam de um ano a um ano e meio para que a integração total das duas empresas seja concluída.

Ontem, a Brasil Foods anunciou que conseguiu uma autorização do Cade para a coordenação das atividades da Sadia e da antiga Perdigão no segmento de carnes in natura, voltadas ao mercado externo. A aprovação de mais esta operação conjunta já aponta para o início de uma cooperação e união de estratégias das empresas, pelo menos no que tange ao mercado internacional.

“Nossas operações conjuntas serão do porto para frente e envolverão logística, política comercial e construção da marca no exterior”, explicou Fay, destacando que, desta maneira, a BRF não agride as preocupações do Cade com relação à competitividade no setor no mercado interno.

A ideia das companhias que, juntas exportam cerca de US$ 5 bilhões por ano – o que representa 40% do faturamento total anual de ambas, segundo o executivo – é melhorar a competitividade, principalmente diante da valorização do câmbio, que afeta as vendas no exterior.

Além dessas atividades externas, as companhias já podem operar conjuntamente o manejo das dívidas – que no caso da Sadia somam R$ 4 bilhões, sendo R$ 1 bilhão já reduzido – além do planejamento da integração, cuja conclusão está prevista para março do ano que vem.

Furlan lembrou ainda das sinergias entre as duas empresas, embora não tenha feito uma previsão de redução de despesas. “As sinergias gerarão ganhos de escala e poderão provocar, inclusive, uma queda nos preços dos produtos ao consumidor”, afirmou Fay. A receita líquida (pró-forma) da antiga Perdigão unida à Sadia somou R$ 10,3 bilhões no primeiro semestre do ano, sendo que em todo o ano passado o faturamento líquido somado das companhias somou R$ 22,1 bilhões.