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Economia

Importações crescem em outubro

Indústria aproveita real forte para importar mais insumos para a produção. Importação atinge maior patamar do ano e reduz saldo.

Importações crescem em outubro

Com o dólar barato e a economia ganhando fôlego, as importações bateram o recorde mensal do ano em outubro, somando US$ 12,754 bilhões. Esse desempenho contribuiu para que o saldo comercial registrasse no mês passado o menor resultado mensal em 2009.

Nesse cenário de recuperação, a indústria, que sofre para exportar com o real valorizado, aproveitou o câmbio para elevar as importações de insumos para atender à demanda maior.
O aumento das importações reduziu o impacto do crescimento das exportações para EUA e América Latina.

Assim, o saldo de US$ 1,328 bilhão na balança comercial no mês passado só foi melhor que o resultado de janeiro, que registrou deficit de US$ 524 milhões em plena crise global.

De acordo com dados do Ministério do Desenvolvimento, apesar de o superavit comercial acumulado até outubro superar o obtido no mesmo período de 2008, a corrente de comércio do Brasil com exterior ainda é 26,8% menor que a de 2008.

“O resultado já era esperado, uma vez que o real apreciado e a recuperação da economia doméstica estimulam as importações”, disse Felipe Salto, economista da Tendências, que projeta um saldo comercial de US$ 26,6 bilhões para 2009.

Segundo o secretário de Comércio Exterior, Welber Barral, o crescimento dos desembarques no País ocorre de forma significativa desde agosto. “Não se trata de um surto, mas é um aumento contínuo devido ao efeito de fim de ano, além do incentivo cambial”, afirmou.

Normalmente, as importações tendem a se acelerar nos primeiros meses do segundo semestre, devido à formação dos estoques para o Natal e o aumento de produção da indústria nacional, que usa insumos importados. Como praticamente metade da pauta brasileira de importações é formada por matérias-primas e bens intermediários para a indústria, disse Barral, esse aumento tem grande peso na balança.

Para Barral, o crescimento deve arrefecer nos últimos meses do ano, com uma estabilização do volume de entrada de produtos. “A tendência é de equilíbrio, com queda normal nas importações de bens de consumo, ao mesmo tempo em que o dólar favorável faz aumentar as compras de insumos”, avaliou.

Aumento que, alerta Salto, deve prejudicar os segmentos da indústria brasileira que fornecem materiais usados na cadeia de produção de outras mercadorias. “O câmbio e o ímpeto dos empresários em produzir mais podem resultar até na substituição de insumos produzidos nacionalmente por similares importados”.

Se o aumento da produção industrial brasileira está diretamente ligado à dinâmica do mercado interno, a recuperação dos EUA e de parte da América Latina tendem a estimular ainda mais a demanda das fábricas por esses bens, como produtos químicos, peças e acessórios. Em outubro, o Brasil registrou aumentos significativos nas vendas para essas regiões, que consomem mais industrializados, ao contrário da China, que compra mais commodities. “O Brasil está voltando a exportar bens de maior valor agregado, mas o mercado mundial está mais competitivo, resultando na queda dos preços de alguns produtos, como calçados”, ressalta Barral. E, com mais competição, a apreciação do real encarece produtos brasileiros.

“Dá para ficar otimista com a recuperação americana, mas é preciso cautela, porque todo mundo vai entrar no barco, acirrando a concorrência”, completou Salto.