A combinação de uma grave estiagem, ondas de calor intensas e queimadas devastadoras em várias regiões do Brasil está gerando preocupações sobre o impacto nos preços dos alimentos. Produtos essenciais como açúcar e café já começam a sentir os efeitos, enquanto outros itens, como carnes, feijão e laranja, ainda não mostram mudanças significativas.
Açúcar
Os canaviais do interior de São Paulo foram duramente atingidos por queimadas no final de agosto, resultando na destruição de mais de 80 mil hectares de cana-de-açúcar. Com a seca prolongada que afeta o Centro-Sul do país desde abril, a safra será reduzida, e a entressafra poderá começar mais cedo. Esse cenário está pressionando os preços do açúcar no mercado internacional, que subiram 12% na última semana de agosto, com previsão de novas altas até o final do semestre. No mercado interno, o impacto será sentido a partir de outubro, com efeitos esperados na inflação.
Café
Os preços do café, que já acumulam alta de mais de 100% no caso do conilon e 87% no arábica, devem continuar a subir devido à seca que afeta as regiões produtoras. Embora as queimadas não tenham causado danos diretos às plantações, a expectativa de seca em setembro, período crucial de florada, deve manter os preços em níveis elevados. O repasse das altas aos consumidores, que começou em agosto, deve se intensificar até o fim do ano, impactando o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Carne
Embora os preços da carne bovina ainda não tenham sido impactados, a seca está reduzindo a oferta de animais prontos para o abate, especialmente em Mato Grosso do Sul. A escassez de animais está elevando o preço da arroba bovina, e se a oferta não se normalizar até 2025, os consumidores podem enfrentar aumentos nos preços. Carne de frango e de porco enfrentam variação ao preço no mercado por conta do avanço do conflito com preço da carne bovina.
Feijão
Apesar de uma safra menor devido à falta de chuvas, os preços do feijão não sofreram aumentos significativos até o momento, com uma queda acumulada de 2,6% no ano. Ainda é incerto se haverá impactos futuros no preço ao consumidor final.
Laranja
Os incêndios em algumas áreas de citros no interior de São Paulo no final de agosto foram controlados rapidamente e não devem afetar significativamente a oferta de laranjas. No entanto, fatores como frentes frias e o período de fim de mês reduziram as vendas, mantendo o mercado pressionado. Em 2024, o aumento no preço da laranja ao consumidor já chega a 20%.