Um projeto iniciado em setembro no norte de Minas Gerais promete levar energia solar a 300 propriedades rurais e gerar renda extra aos agricultores familiares da região.
A Orion-E, empresa brasileira de infraestrutura energética limpa e renovável, investiu R$ 225 milhões na instalação de 300 usinas fotovoltaicas para a microgeração de energia solar no alto do Vale do Jequitinhonha. Elas têm capacidade de produzir 75 kW por hora, 13.500 kWh por mês.
O Projeto 3 Marias conta com a colaboração direta da agricultura familiar. As usinas são instaladas em pequenas propriedades rurais, com áreas entre 2 e 80 hectares, e ocupam, em média, o equivalente a 3% do imóvel. Cada empreendimento tem área de aproximadamente 2 mil metros quadrados.
Eles não competem com a produção de frutas e verduras ou com a criação de animais – que dão a subsistência aos proprietários rurais -, nem invadem zonas de preservação ambiental. A Orion-E paga um arrendamento aos pequenos produtores pela área utilizada para instalação das usinas. Os valores giram em torno de R$ 600 a R$ 1 mil mensais, por um período que pode variar de 25 a 30 anos.
O aluguel representa um aumento de até 35% na renda mensal das famílias envolvidas no projeto – que é atualmente de R$ 2,5 mil por mês -, segundo informações da empresa, o que ajuda a manter as famílias no campo. Redirecionamento de água As usinas solares também são equipadas para acumular e redirecionar a água da chuva para reservatórios.
A retenção pode chegar a 600 mil litros por ano. O projeto tem potencial para chegar a cerca de 11 mil pequenas propriedades rurais já mapeadas em Minas Gerais, o que demandaria um investimento total da ordem de R$ 7,5 bilhões.
Em todo o Brasil, estima a companhia, cerca de 645 mil produtores poderiam receber a instalação das microusinas fotovoltaicas em suas áreas. Nas contas da Orion-E, esses agricultores receberiam R$ 445 milhões por mês pelo arrendamento das chácaras e sítios.
O piloto do projeto nas 300 propriedades vai gerar 4.05 GW por mês, com uma potência instalada de 30 MW.
Além de receberem pelo arrendamento, 10% das propriedades também poderão ser contempladas com uma pequena usina de 5 kWp para geração própria. “A cada 1 MW instalado, a Orion-E vai doar e instalar uma usina para uma família carente sem acesso à energia”, afirmou o diretor de operações da empresa, Hugo Albuquerque.
Segundo ele, a escolha de Minas Gerais para iniciar o Projeto 3 Marias deve-se à sua “característica pró-solar” e porque o Estado é o que mais utiliza essa modalidade de energia no país.
O dirigente da Orion-E afirma que o projeto utiliza o sistema trifásico de energia, que exige menos material para entregar a mesma potência de uma instalação monofásica equivalente.
De acordo com o executivo, isso diminui as despesas e torna viável o uso de geradores e condutores menores e mais leves. Outra aposta da Orion-E para expandir o projeto é o seu potencial de descarbonização.
A utilização da energia limpa, diz Albuquerque, pode servir para compensar as emissões de gases causadores do efeito estufa no setor agropecuário.
Produtores rurais e empresas ligadas ao agro também poderão usufruir, por meio da geração distribuída, dos créditos do sistema de energia elétrica por compensação.