Com variações moderadas em março – exceto pela disparada dos grãos ontem -, as cotações internacionais das principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil seguiram em elevado patamar e fecharam o primeiro trimestre com médias superiores às do mesmo período nos últimos anos.
De acordo com cálculos do Valor Data, na bolsa de Chicago, os contratos futuros de segunda posição de entrega da soja em grão, carro-chefe do agronegócio brasileiro, subiram 8,91% nos três primeiros meses de 2021, acumularam valorização de 60,51% em 12 meses e fecharam o primeiro trimestre com preço médio (US$ 13,8780 por bushel) 54,2% superior ao de igual intervalo do ano passado. É a maior média para um primeiro trimestre desde 2013.
Além do aumento do interesse do mercado financeiro pelo ativo, colabora para manter a soja em níveis elevados a forte demanda internacional mesmo em tempos de pandemia – principalmente na China, que está ampliando sua produção de carne de frango e recompondo o plantel de porcos, embora esse processo ainda esteja sendo prejudicado pela peste suína aficana. O Brasil lidera a produção e as exportações mundiais de soja.
Ontem, o cenário positivo para os preços ganhou cores ainda mais vivas com a divulgação de estimativas do Departamento de Agricultura dos EUA (USDA) para a área plantada no país na próxima safra (2021/22). O órgão projetou 35,5 milhões de hectares para a soja, 5% mais que neste ciclo mas número aquém das expectativas. Para o milho estão previstos 36,9 milhões de hectares, 1% acima de 2020/21 e também menos que o esperado.
O apetite por commodities e as importações chinesas, especialmente dos EUA – o Brasil é o segundo exportador global, mas não vende à China -, além da área de plantio americana, também oferecem suporte ao cereal, cujos preços registraram altas de 13,3% este ano e de 58,26% nos últimos 12 meses. Assim, os papéis de segunda posição fecharam o primeiro trimestre em Chicago com uma média (US$ 53440 por bushel) 41,31% maior que a registrada de janeiro e março de 2020, a mais elevada para o período também desde 2013.
Na bolsa de Nova York, o destaque tem sido a recuperação do algodão, em parte impulsionado pela expectativa de retomada da indústria têxtil quando a pandemia for finalmente domada. Conforme o Valor Data, os contratos futuros de segunda posição de entrega da “soft commodity” avançaram 4,41% no primeiro trimestre e 61,43% nos últimos 12 meses, alcançando uma média (85,26 centavos de dólar por libra-peso) no primeiro trimestre 30,72% superior à de um ano atrás e a mais elevada para o período desde 2018.
Caminhando juntos em Nova York, açúcar e café, cujas produções e exportações são encabeçadas pelo Brasil – onde adversidades climáticas tendem a prejudicar a oferta deste ano – e que sofrem particular influência da relação entre dólar e real, engrossam o coro altista.
No mercado de açúcar, os contratos subiram 0,61% no primeiro trimestre e acumularam alta de 40,67% em 12 meses. A média trimestral atingiu 15,54 centavos de dólar por libra-peso, 15,46% maior que verificada entre janeiro e março de 2020 e a maior para o intervalo desde 2017.
No caso do café, houve queda de 3,65% desde início do ano, mas nos últimos 12 meses a alta ainda foi de 4,2%. Embora mais pressionado, o valor médio do primeiro trimestre (US$ 1,2889 por libra-peso) foi 14,63% superior ao de entre janeiro e março de 2020 e atingiu o maior patamar também desde 2017.
No mercado de suco de laranja, finalmente, o Valor Data aponta para quedas de 9,4% este ano e de 5,56% nos últimos 12 meses. Mesmo assim, a média do primeiro trimestre (US$ 1,1630 por libra-peso) foi 15,02% maior que de igual intervalo de 2020. O Brasil lidera as exportações do produto, e a elevação dos estoques de suco brasileiro no último ano colabora para limitar o espaço para aumentos das cotações.