Um mundo com zero emissões líquidas depende de energias renováveis para substituir as fontes de energia tradicionais. No entanto, há uma ameaça no fornecimento de minerais e metais extraídos que são a base do armazenamento da energia gerada por essas tecnologias verdes, de acordo com um novo relatório intitulado “Recursos para a transição de energia: fazendo o mundo girar”, realizado pela KPMG e Eurasia Group.
De acordo com o relatório, apesar das reservas minerais abundantes, o acesso a recursos essenciais, como lítio, grafite e cobalto, leva a complexas questões geopolíticas. Com um número relativamente pequeno de nações mantendo os principais depósitos, a competição por esses recursos vitais será alta, conforme os governos buscam segurança energética.
Deve ser ainda levado em consideração que a mineração em geral está sob pressão crescente para se tornar mais sustentável. A extração de diversos minerais exige grandes quantidades de energia, mão de obra e recursos hídricos, o que pode causar impactos ambientais e sociais relevantes. Segundo o sócio de mineração da KPMG, Ricardo Marques, no novo contexto do setor de mineração, as empresas devem acelerar os esforços para reduzir as emissões de carbono, proteger o meio ambiente e atender às demandas das comunidades, como parte de uma estratégia de crescimento sustentável.
“Cada empresa de mineração entende a complexidade e os desafios únicos de encontrar, extrair e entregar produtos ao mercado de maneira sustentável. Uma sociedade que deseja acelerar a transição energética agora deve priorizar o trabalho com o setor para viabilizar as novas tecnologias necessárias”, afirma Marques.
O relatório da KPMG argumenta que a economia circular será fundamental para enfrentar esses desafios com ações como reutilizar, reciclar e reaproveitar metais e materiais, contribuindo para a garantia do abastecimento e, potencialmente, redução o desperdício, a poluição e as emissões de carbono, minimizando a necessidade de extração. A criação de uma economia circular, segundo o documento, requer um grande e coordenado esforço entre governos, produtores e empresas que utilizam esses recursos.
“O estudo demonstrou a importância da economia circular de baixo carbono para a transição que estamos fazendo. Uma importância não somente para a economia, a sociedade e os negócios, mas para o equilíbrio geopolítico durante a transição da economia e reconstrução da economia nos próximos anos. Neste momento temos especialistas, reguladores e grandes empresas se preparando para implementar a economia circular e testando esse conceito de forma concreta. Algumas já estão mudando seus modelos de negócio nesse sentido. As vantagens competitivas são imensas. Esse movimento precisa ser melhor conhecido pela liderança dos negócios e da sociedade no Brasil”, finaliza a sócia da KPMG, líder da prática ESG, Nelmara Arbex.