O Brasil tem capacidade para produzir 9 bilhões de litros de biocombustíveis de aviação por ano, volume mais do que suficiente para suprir a demanda doméstica, e, com isso, reduzir de forma expressiva as emissões de CO2 no segmento. É o que aponta estudo feito pela Roundtable on Sustainable Biomaterials (RSB), com a colaboração da consultoria Agroicone e de professores da Unicamp e da Unifei, que será apresentado em evento internacional que terá início na segunda-feira no Brasil.
“O Brasil tem enorme potencial para ser um grande produtor de biocombustível para aviação, mas isso depende da capacidade do país em aproveitar os resíduos de bagaço e da palha de cana de açúcar, da indústria de madeira, do óleo de cozinha usado, do sebo bovino e de gases da indústria siderúrgica”, informou a RSB, que integra o projeto Fuelling the Sustainabos le Bioeconomy, financiado pela Boeing Global Engagement.
A pesquisa, baseada em três rotas de produção combinadas com as cinco matériasprimas citadas, aponta que os biocombustíveis de aviação são capazes de gerar uma redução de entre 60% e 85% das emissões de CO2 em relação aos “rivais” fósseis. “O SAF [Combustível Sustentável de Avião], é a melhor alternativa para cumprir os acordos mundiais de descarbonização. A vocação agrícola e o legado do etanol faz com que o Brasil tenha condições para ser um grande ou até o maior produtor e exportador de biocombustível”, afirma Maria Carolina Grassi, líder de Novos Negócios na América Latina da RSB, na nota divulgada.
Conforme a Agroicone, a cana é a matéria-prima com maior potencial de disponibilidade de resíduos. “Os resíduos da cana incluem a palha atualmente deixada no campo e o bagaço deixado nas usinas. Usos mais eficientes desses resíduos poderiam disponibilizar aproximadamente 31,4 milhões de toneladas de bagaço e 29,9 milhões de toneladas de palha, que podem aumentar significativamente a produção de SAF – sem qualquer prejuízo à saúde solo, produção de alimentos ou geração de bioeletricidade”, disse a consultoria em nota enviada ao Valor. “Havendo viabilidade econômica, esse material poderia fornecer o equivalente a 90% de toda a demanda de querosene no Brasil”.