Maior consciência ambiental do consumidor e a busca por práticas saudáveis refletem em aumento significativo da demanda por produtos e serviços “limpos”. Fabricantes de sistemas solares domésticos, como aquecedores para banho, piscina e saunas, por exemplo, assistem a um crescimento acentuado no volume de pedidos em carteira. Em São Paulo, fabricante de minhocário viu suas vendas subirem 50% em 2020 por conta do home office e de refeições preparadas em casa.
No âmbito nacional, a produção de energia fotovoltaica cresce com a crise, saltando 58% em 2020 sobre o ano anterior. Números consolidados do país, com a atualização dos resultados obtidos pelo setor até o dia 4 de maio, apontam alta de 10% em relação ao balanço do dia 28 fevereiro, quando atingiu 8 GW de potência operacional.
Em quantidade de sistemas, os consumidores residenciais estão no topo da lista, com 351.965 instalações, cerca de 74,9% do total, segundo dados da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar). O número, no entanto, é considerado “irrisório” pela entidade frente ao potencial brasileiro e ao baixo preço da fonte energética.
Há duas décadas no mercado, a TekHouse Aquecimento e Energia Solar tem o aquecedor de água para banho, piscina e geradores de energia solar como seus principais produtos. Juntos, respondem por 70% do faturamento. A empresa deve crescer de 25% a 30% neste ano. “Antes da pandemia o aumento era de 15%”, diz Fernando Tiago Dias, gerente geral da TekHouse.
Para os próximos dois anos a projeção é fechar com alta de 30%. “A pandemia levou o consumidor a investir em maior conforto e lazer doméstico com consciência ambiental”, acrescenta. Já os sistemas de aquecimento solar mais simples, adquiridos por um consumidor de menor poder aquisitivo, que tem como foco apenas a redução na conta de energia, crescem entre 40% a 50% ao ano.
Fabricante de kits de geração de energia solar fotovoltaica a catarinense Renovigi tem como foco o segmento residencial. Com duas unidades fabris em operação: Louveira (SP) e Itajaí (SC), a companhia projeta uma terceira fábrica para atender a demanda. Segundo o diretor comercial, de marketing e novos negócios da Renovigi, Antônio Carlos Federico, “a taxa de crescimento se mantém em dois dígitos”. O faturamento em 2020 foi de R$ 750 milhões em 2020, uma alta de 53% sobre o ano anterior, segundo Federico. A previsão para este ano é atingir R$ 1,2 bilhão, um aumento de 60%.
Em outra frente da economia ambiental, a fabricante de minhocários Morada da Floresta registrou em maio de 2020, no pico da primeira onda da pandemia, o “maior faturamento de sua história”. Há dez anos, a empresa produzia e vendia 10 composteiras por mês, agora comercializa 300. Em 2017, lançou a linha Humi, de composteiras em diversas cores que podem ser instaladas inclusive no ambiente doméstico. Segundo Cláudio Spinola, co-fundador e sócio diretor da Morada da Floresta, as pessoas passaram a cozinhar em casa por conta do home office e começaram a buscar soluções para os resíduos domésticos.
“Agora, com todas essas metas de redução de CO2, as empresas também estão mais interessadas nas composteiras”, diz. A Morada da Floresta já atende mais de 500 organizações em todo o país, de condomínios, a refeitórios de escolas, hotéis e indústrias. Spinola prevê para 2021 um aumento no faturamento de 50%, mesmo salto do ano anterior sobre 2019.
Para o próximo ano, a meta é de aumento de mais 30%. “A consciência ambiental do consumidor cresce cada vez mais”, diz.