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Paraná

Avicultura paranaense eleva sua capacidade produtiva

Estado se destaca com 35,5% da produção nacional de frangos e 39,3% das exportações

Avicultura paranaense eleva sua capacidade produtiva

Campeões da produção de carne de frango

Maior produtor de frango do Brasil, o Paraná viveu altos e baixos na criação e venda de aves após a pandemia. O fechamento de restaurantes e de escolas que servem merenda, além da redução nas exportações, forçou a alteração de portfólio de produtos e está levando a uma consolidação do setor. Passada a fase de adaptação, empresas e cooperativas programam investimentos bilionários e aumento de produção, mesmo com elevação nos custos devido à valorização dos grãos.

O Estado respondeu no ano passado por 35,5% da produção nacional de carne de frango e por 39,3% das exportações. Os negócios refluíram um pouco com a pandemia: os frigoríficos paranaenses venderam 11% menos no mercado interno, totalizando 2,7 milhões de toneladas, e exportaram 10,8% menos, somando 1,4 milhão de toneladas. “O setor é resiliente e já está se recuperando”, diz Irineo da Costa Rodrigues, diretor-presidente da Lar Cooperativa Agroindustrial e presidente do Sindicato das Indústrias de Produtos Avícolas do Estado do Paraná (Sindiavipar).

A Lar é uma das empresas que estão liderando os investimentos nesta fase. A cooperativa prevê investir R$ 2,4 bilhões em avicultura e suinocultura até 2024. Fará ampliações no frigorífico de Matelândia (Oeste do Estado), que elevarão a capacidade de abate de 240 mil cabeças ao dia para 460 mil. Também estão previstas adaptações em outras três unidades adquiridas nos últimos três anos e a implantação de três novas indústrias de ração para sustentar o aumento de produção. “É um investimento muito pulverizado”, explica Irineo. Inclui a abertura de 880 novos aviários e a reforma de outros já existentes, além de investimentos na produção de ovos, em incubatórios e na logística ligada à atividade de avicultura e suinocultura.

Parte desse montante é necessário porque novas unidades foram incorporadas à estrutura da cooperativa. Em setembro de 2020, a Lar comprou a unidade de processamento de aves da Granjeiro, em Rolândia. Em janeiro, assumiu um abatedouro da cooperativa Coopagril, que deixou o segmento da avicultura. Essa movimentação ocorre com outras empresas – segundo Irineo, trata-se de um movimento de consolidação.

Um exemplo disso está na formação da Plusval, associação entre a C. Vale, de Palotina, e a Pluma Agroavícola, de Dois Vizinhos. A Plusval assumiu no ano passado a gestão do frigorífico que pertencia à Averama, em Umuarama, que havia sido desativado em 2016. A meta da empresa é elevar gradualmente a produção até 200 mil frangos/dia. Paralelamente, a C. Vale investe R$ 550 milhões em uma nova esmagadora de grãos, com capacidade de beneficiar 2.500 toneladas por dia. A unidade deve estar pronta até fim de 2022 e terá como principais clientes as fábricas de ração da própria C. Vale.

Alfredo Lang, presidente da C. Vale, admite que a cooperativa é candidata a novas aquisições. “As empresas normalmente elevam a produção para ganhar escala, principalmente em segmentos com alto nível de concorrência, como é o frango”, explica. “Nós observamos o mercado. Quando a saúde financeira de uma empresa é boa, as oportunidades aparecem naturalmente.”

A criação de aves ganhou importância nas últimas décadas no Paraná a partir da atuação das cooperativas e da disponibilidade de grãos para a ração – na safra 2019/2020, o Estado foi o maior produtor brasileiro de milho e o segundo em soja. A consultoria Safras&Mercado estima que, das 12,4 milhões de toneladas de milho que o Paraná deve produzir na safra 2020/21, 7,7 milhões serão destinadas à ração de aves.

Com a pandemia, as primeiras mudanças foram no perfil de consumo. Produtos destinados a bares, restaurantes e hotéis perderam espaço nas linhas de produção e foram substituídos pelos de consumo doméstico. E não só no mercado interno: o fechamento do turismo em outros países também afetou a avicultura local. “Um dos principais destinos do produto brasileiro, os Emirados Árabes Unidos, sofreu reduções drásticas em seu turismo por conta da pandemia, o que resultou na diminuição da demanda por ovos, consequentemente, das importações do Brasil”, comenta o veterinário Roberto de Andrade Silva, analista de avicultura do Departamento de Economia Rural (Deral) da Secretaria da Agricultura e Abastecimento do Paraná. Os Emirados Árabes foram em 2020 o quarto maior importador de frango paranaense, com 155,9 mil toneladas. O principal cliente foi a China, com 672,4 mil toneladas, seguido pela Arábia Saudita, com 467,6 mil toneladas, e pelo Japão, com 410 mil toneladas.